É comum surgir, na época da Páscoa, uma ou outra
publicação de um “especialista” desmentindo a Ressurreição de Jesus e a
colocando como “uma fraude” dos apóstolos e da Igreja. Infelizmente, os que não
conhecem a fundo a Doutrina Católica se deixam escandalizar
por tais mentiras. Vamos, então, meditar sobre o ponto mais alto de nossa fé.
Antes de tudo, foi o próprio Jesus
quem garantiu que iria ressuscitar; algo que os apóstolos custaram a crer.
Os que crucificaram Jesus foram dizer
a Pilatos: “E disseram-lhe: Senhor, nós nos lembramos de que aquele impostor
disse, enquanto vivia: Depois de três dias ressuscitarei. (Mt 27, 63)”. “Desde
então, Jesus começou a manifestar a seus discípulos que precisava ir a
Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e
dos escribas; seria morto e ressuscitaria ao terceiro dia” (Mt 16,21).
Saiba mais sobre a Ressurreição de Jesus
A Ressurreição de Jesus é
um fato histórico inegável. O primeiro acontecimento da manhã do
Domingo de
Páscoa foi a “descoberta do sepulcro vazio” (cf. Mc 16,1-8). Ele foi a base de
toda a ação e pregação dos apóstolos e foi muito bem registrada por eles. São
João afirma: “O que vimos, ouvimos e as nossas mãos apalparam isto atestamos”
(1 Jo 1,1-2).
Jesus ressuscitado apareceu a Madalena
(Jo 20,19-23); aos discípulos de Emaús (Lc 24,13-25), aos Apóstolos no
Cenáculo, com Tomé ausente (Jo 20,19-23); e depois, com Tomé presente (Jo
20,24-29); no Lago de Genezaré (Jo 21,1-24); no Monte na Galileia (Mt
28,16-20); segundo São Paulo “apareceu a mais de 500 pessoas” (1 Cor 15,6) e
que Cristo morreu pelos nossos pecados […] e que foi sepultado, e que
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e foi visto por Khefas, e
depois pelos Onze; depois foi visto por mais de quinhentos irmãos duma só vez,
dos quais a maioria vive ainda hoje e alguns já adormeceram; depois foi visto
por Tiago e, em seguida, por todos os Apóstolos; e, por último, depois de todos
foi também visto por mim como por um aborto” (1 Cor 15, 3-8).
“Deus ressuscitou esse Jesus, e disto
nós todos somos testemunhas” (At 2, 32), disse São Pedro no dia de Pentecostes.
“Saiba com certeza toda a Casa de Israel: Deus o constituiu Senhor (Kýrios) e
Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes” (At 2, 36). “Cristo morreu e
reviveu para ser o Senhor dos mortos e dos vivos” (Rm 14, 9). No Apocalipse,
João arremata: “Eu sou o Primeiro e o Último, o Vivente; estive morto, mas eis
que estou vivo pelos séculos, e tenho as chaves da Morte e da região dos
mortos” (Ap 1, 17s).
Experiência com Jesus ressuscitado
A primeira experiência dos apóstolos
com Jesus ressuscitado foi marcante e inesquecível: “Jesus se apresentou no
meio dos apóstolos e disse: “A paz esteja convosco!” Tomados de espanto e
temor, imaginavam ver um espírito. Mas ele disse: “Por que estais perturbados e
por que surgem tais dúvidas em vossos corações? Vede minhas mãos e meus pés:
sou eu! “Apalpai-me e entendei que um espírito não tem carne nem ossos, como
estais vendo que eu tenho”. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E,
como, por causa da alegria, não podiam acreditar ainda e permaneciam surpresos,
disse-lhes: “Tendes o que comer?”. Apresentaram-lhe um pedaço de peixe assado.
Tomou-o então e comeu-o diante deles” (Lc 24, 34ss).
Aos apóstolos amedrontados, que
julgavam ver um fantasma, Jesus pede que o apalpem e verifiquem que tem carne e
ossos. Nada disto foi uma alucinação, nem miragem, nem delírio, nem
mentira, e nem fraude dos Apóstolos, pois se tratava de pessoas muitos
realistas que, inclusive, duvidaram a princípio da Ressurreição do Mestre. A
custo se convenceram. O próprio Cristo teve que falar a Tomé: “Apalpai e vede:
os fantasmas não têm carne e osso como me vedes possuir” (Lc 24,39). Os
discípulos de Emaús estavam decepcionados porque “nós esperávamos que fosse Ele
quem restaurasse Israel” (Lc 24, 21). Nenhum deles acreditavam na Ressurreição…
até virem o Senhor.
Estes depoimentos “de primeira hora”, concebidos e transmitidos pelos
discípulos imediatos do Senhor, são argumentos suficientes para dissolver
qualquer teoria que quisesse negar a ressurreição corporal de Cristo.
Esta fé não surgiu “mais
tarde”, como querem alguns, na história das primeiras comunidades cristãs, mas
é o resultado da missão de Cristo acompanhada dia a dia pelos Apóstolos.
Os chefes dos judeus tomaram
consciência do significado da Ressurreição de Jesus, e, por isso, resolveram
dissipá-la: “Deram aos soldados uma vultosa quantia de dinheiro, recomendando:
“Dizei que os seus discípulos vieram de noite, enquanto dormíeis, e roubaram o
cadáver de Jesus. Se isto chegar aos ouvidos do Governador, nós o
convenceremos, e vos deixaremos sem complicação”. Eles tomaram o dinheiro e
agiram de acordo com as instruções recebidas. E espalhou-se esta história entre
os judeus até o dia de hoje” (Mt 28, 12-15).
E Jesus morreu de verdade, inclusive
com o lado perfurado pela lança do soldado. É ridícula a teoria de que Jesus
estivesse apenas “adormecido” na Cruz. Os Apóstolos só podiam acreditar na
Ressurreição de Jesus pela evidência dos fatos, pois não estavam predispostos a
admiti-la; ao contrário, haviam perdido todo ânimo quando viram o Mestre preso
e condenado; também para eles a ressurreição foi um escândalo. Eles não tinham
disposições psicológicas para “inventar” a notícia da ressurreição de Jesus ou
para forjar tal evento.
Eles ainda estavam impregnados das
concepções de um messianismo nacionalista e político, e caíram quando viram o
Mestre preso e aparentemente fracassado; fugiram para não serem presos eles
mesmos (Cf. Mt 26, 31s); Pedro renegou o Senhor (cf. Mt 26, 33-35). O conceito
de um Deus morto e ressuscitado na carne humana era totalmente alheio à
mentalidade dos judeus.
A forte presença de Jesus
É de se notar ainda que a pregação
dos Apóstolos era severamente controlada pelos judeus, de tal modo que qualquer
mentira deles seria imediatamente denunciada pelos membros do Sinédrio. Se a
ressurreição de Jesus, pregada pelos Apóstolos não fosse real, se fosse fraude,
os judeus a teriam desmentido, mas eles nunca puderam fazer isto.
Os vinte longos séculos do Cristianismo, repletos
de êxito e de glória, foram baseados na verdade da Ressurreição de Jesus.
Afirmar que o Cristianismo nasceu e cresceu em cima de uma mentira e fraude
seria supor um milagre ainda maior do que a própria Ressurreição do Senhor.
Será que em nome de uma “fantasia”, de uma miragem, milhares de fiéis
enfrentariam a morte diante da perseguição romana, como enfrentam hoje diante
do Estado Islâmico? É claro que não.
Será que em nome de um mito, multidões iriam para o deserto para viver uma vida
de penitência e oração?
O testemunho dos Apóstolos sobre a
Ressurreição de Jesus era convincente e arrastava. O edifício do Cristianismo
requer uma base mais sólida do que a fraude ou a debilidade mental. Assim, é
muito mais lógico crer na Ressurreição de Jesus do que explicar a potência do
Cristianismo por uma fantasia de gente desonesta ou alucinada.
A Ressurreição de Jesus é ponto fundamental da fé cristã, a ponto
que São Paulo dizer:
“Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação; vazia também é a vossa
fé… Se Cristo não ressuscitou, vazia é a vossa fé; ainda estais nos vossos
pecados” (1Cor 15, 14.17).
A Ressurreição de Jesus é a base da
fé; São Paulo chama Cristo ressuscitado “o Primogênito dentre os mortos” (Cl 1,
18). A Ele, ressuscitado em primeiro lugar, seguir-se-á a ressurreição dos
irmãos: “Cada qual na sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de
Cristo, por ocasião da sua segunda vinda; a seguir, haverá o fim” (1Cor 15,
23s).
Felipe Aquino
Professor Felipe Aquino é
viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa
“Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No
Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em
todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas
editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino
Fonte: Canção Nova
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