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quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Paulo, os passos do perseguidor de cristãos que renasceu em Cristo


“Viver pra mim é Cristo, morrer pra mim é lucro”, Filipenses 1:21. Paulo, cujo nome de nascimento é Saulo, escreveu praticamente 50% do novo testamento. Sua glória era viver pra Cristo e morrer por sua causa (informações bibliográficas no rodapé).
Nos seus estudos das leis judaicas, Saulo se destacou tanto que se tornou um Doutor da Lei e membro do sinédrio, cargo muito estima pelo povo judeu. A partir daí começara sua perseguição aos primeiros Cristãos. Saulo concordou com o apedrejamento de Estevão que os judeus o julgavam perigoso por sua pregação sobre um tal Jesus de Nazaré, que alguns afirmavam ser o Messias. Todos que pregassem sobre este homem deveriam ser eliminados, pois, eram um perigo para o Judaísmo. Saulo então pediu aos líderes judaicos que lhes dessem uma carta de recomendação para que pudesse ir de sinagoga em sinagoga guarnecido de alguns homens para prender esses seguidores de Jesus e quem sabe se preciso fosse apedreja-los como fizeram com Estevão.
Nenhum judeu poderia condenar outro a morte, só Roma poderia fazer isso, dessa forma Saulo realizava um ato ilegal. No caso de Jesus, por exemplo, eles tiveram de levar a questão para Pilatos, pois só ele poderia condenar sua morte. Porém, autorizado pelo sinédrio, Saulo com ajuda de alguns soldados do templo sai em busca dos Judeus que estariam pregando sobre Jesus. Ele resolve então começar pela cidade de Damasco, que ficava a cerca de 240km de Jerusalém, Atos 9,2.
No percurso até damasco o perseguidor de repente recebe um forte clarão e cai desnorteado no chão, sem conseguir enxergar mais nada. E uma grande voz que lhe dizia “Saulo, Saulo, por que me persegues?” atos 9, 4. Jesus não pergunta a Saulo porque ele perseguia o seu povo (os cristãos), Jesus deixa bem claro “por que me persegues?”, pois o mal feito a um Cristão é sentido pelo próprio Cristo. Essa revelação no caminho para Damasco joga por terra tudo que Saulo acreditava a respeito de quem ele era e de quem era Jesus.
Como a revelação aconteceu perto de Damasco, Saulo, segue sua viagem até chegar à cidade, sem enxergar nada e sem conseguir comer ou beber. Daí Ananias, avisado por revelação divina sobre o acontecimento, aparece a Saulo, oferece ajuda e restaura sua visão. Posteriormente, Ananias realiza o batismo de Saulo na fé Cristã. Então, Saulo passa a se chamar Paulo. No oriente médio mudar de nome significa mudar de vida. Saul (Saulo), era a tradução grega do seu nome em Hebraico e Paulo era seu nome em latim, o nome Paulo significa em latim “Pouco” ou “Pequeno”, talvez uma referência àquele que é ínfimo diante de Deus.
Paulo então volta para Tarso, cidade natal, pois os Helenistas queriam mata-lo. Lá ele passa dois anos até que Barnabé o convida para ser seu auxiliar missionário, e assim se inicia as viagens missionárias de Paulo, ao todo foram três. Nessas viagens Paulo enfrenta todo tipo de perseguição, ameaça, injurias, calúnias, tentativa de morte e privações de toda sorte, muitos dos seus companheiros o abandonaram. Até os apóstolos ficaram contra ele em certo momento, pois, o fato dele pregar para os Gentis não os agradava. Paulo teve que ir à Jerusalém para dar explicações. A polêmica foi tão grande, que na ocasião foi feito um concílio para resolver a questão de Paulo pregar para essas pessoas, porém, Cristo precisava que Paulo fosse justamente O pregador dos Gentis.
Sabemos que na vida missionária do apóstolo ele escreveu diversas epístolas (cartas), ao todo foram 14, porém, há um consenso teológico que Hebreus não é considerada carta, dessa forma restam 13 Cartas. O problema está no fato de alguns teólogos acreditarem que das 13 epistolas, 6 delas não seriam autenticamente de Paulo. Entre elas estão: II tessalonicenses, efésios, colossenses, Tito, Timóteo I e II. Tais teólogos afiram serem documentos tardios, inventados por líderes da igreja e atribuído ao apóstolo, para dar credibilidade as suas histórias.
No seu tempo, o apóstolo já advertia aos seus seguidores que ficassem em alerta contra qualquer carta que afirmasse ter chegado o dia do Senhor e que alegasse ser de sua autoria, pois não era, "não vos deixeis facilmente perturbar o espírito e alarmar-vos, nem por alguma pretensa revelação nem por palavra ou carta tidas como procedentes de nós e que vos afirmassem estar iminente o dia do Senhor." II Tessalonicenses, 2,2.
 O motivo da desconfiança, por parte dos teólogos, está no fato do estilo da redação variar muito de uma para outra, até mesmo dentro do próprio livro, indicando assim a presença de diversos autores. Ao olharem a obra em conjunto eles acreditam que não podem ter sido escritas por um mesmo autor, e realmente eles não estão errados quando afirmam que as cartas de Paulo não foram escritas por uma mesma pessoa. Porém, é preciso analisar os costumes da época, em fontes primárias. Na época não era tão fácil escrever uma carta, mesmo para uma pessoa letrada como Paulo. O custo para escrever uma carta era elevado, um papiro custava em média 4 denários, e para ter noção de valor, um denário era o valor pago por um dia de trabalho braçal, Mt 20,2. Fora as tintas, canetas e etc, que também eram muito caros, desse modo, não era todo mundo que poderia escrever quando bem quisesse, como acontece hoje.
Era comum se contratar um “secretário” para copiar o que você queria dizer em taboas revestida de cera, ele escrevia com uma espécie de estilete, desse modo a carta poderia ser ditada palavra por palavra ou recriada através de um conteúdo, você diria ao copista a mensagem e ele escrevia com suas palavras, exemplo: avise a comunidade de corinto que estarei lá amanhã para uma reunião. Após o texto ser escrito ele era ligo e assinado em baixo pelo autor da mensagem. Podemos observar isso em, na carta de Paulo escrita por seu secretário, Tércio: "Eu, Tércio, que escrevi esta carta, vos saúdo no Senhor." Romanos 16,22. Era comum a saudação ser escrita pelo autor, para dar autenticidade a carta: "Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Esta saudação escrevo-a de próprio punho: PAULO." I Coríntios, 16,21-22. Dessa forma, embora a forma de escrita variar de uma carta para outra devido os secretários que Paulo precisou para redigi-las temos elementos suficientes para comprovar sua autenticidade.
Na sua vida missionária, Paulo tinha algo na mente que não o deixava tranquilo, ele precisava ir a Roma, pregar o evangelho na capital, nem que fosse a última coisa da sua vida. Ele queria testemunhar perante César. E a providência divina tornou isso possível. Em Jerusalém ele foi preso e enviado ao procurador de Roma em Cesareia, lá foi julgado por Félix, procurador romano, Félix manteve Paulo em prisão domiciliar por dois anos. Depois de alguns episódios finalmente ele é enviado a Roma onde foi julgado por Nero e condenado a morte. Ele foi degolado por ordem direta do imperador, mas, um pouco antes de morrer ele havia escrito, "Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a sua aparição" II Timóteo, 4,7-8.
Assim se encerrou a carreira física do Soldado de Jesus, pois espiritualmente ele ainda está lutando por todos nós, alguns podem achar loucura tudo que ele fez, eu chamo conversão. Que cada um, assim como Paulo, possa ter a experiência de um encontro com o Cristo e nele descobrir o verdadeiro amor, então, sua vida não será mais a mesma, você terá a esperança da vida eterna.

Autor: Lenos Santiago - Jovem Mariano Vicentino.
Campina Grande-PB.
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Notas:
Saulo era judeu da tribo de Benjamin, seu nome era o mesmo do primeiro Rei de Israel, nasceu na cidade de Tarso, região histórica da Cilicia, província de Mersin, Território Turco, as margens do mar mediterrâneo, cidade de grande influência política e econômica na região, também era bastante conhecida pelas escolas de retórica e hermenêutica, talvez Saulo tenha estudado em alguma delas.
Saulo tinha cidadania Romana, herdado por seus pais, podemos observar isso em Atos 16,37 e Atos 22,27-28 (Veio o tribuno e perguntou-lhe: “Dize-me, és romano?” – “Sim”, res­pondeu-lhe. O tribuno replicou: “Eu adquiri este direito de cidadão por grande soma de dinheiro.” Paulo respondeu: “Pois eu o sou de nascimento."). Acredita-se que em 66 a.C Pompeu agraciou os cidadãos de Tarso, inclusive os judeus, com o Título de cidadania Romana Honoris Causa, porque eles haviam ajudado os romanos a expulsarem os piratas que dominavam o litoral da Cilicia, dessa forma, é possível que Saulo tenha recebido esse título através do seu  pai ou avó que tenha participado da premiação militar.
Saulo, ainda jovem, foi para Jerusalém para estudar com um rabino, muito famoso na época, chamado Gamaliel, um verdadeiro privilégio para poucos, pois, para ser aprendiz de um rabino renomado naquela época era necessário ter inteligência acima da média e condições financeiras para arcar com as despesas estudantis. Saulo também trabalhava fabricando tendas, isso não deve ser visto como uma profissão simples, pois naquela época um fabricante de tendas seria como um arquiteto ou engenheiro da nossa época. Jesus foi um mestre que diferente dos outros escolheu aprendizes pobres e sem uma aparente inteligência acima da média, porém, com um coração capaz de transformar o mundo, fez das “pedras brutas” alicerce para construir a sua igreja. Assim como Jesus, em sua vida missionária, Paulo se entrega tanto obra de Deus que não existe relatos de alguma relação ou união matrimonial do apóstulo.