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terça-feira, 26 de março de 2019

Sim de Maria


As vezes olhamos para a situação atual de uma pessoa, as conquistas que ela realizou, e só percebemos as vitorias, não imaginamos os obstáculos que ela enfrentou pra chegar até ali...
Eu olho para essa imagem de Maria, na sua forma gloriosa e fico imaginando o quanto ela sofreu para chegar até aí...
Ser mãe tem um preço, e o de Maria foi muito alto!
Hoje a maternidade, fora do casamento, entre as jovens com média de 15 anos está cada vez mais comum. Em uma pesquisa foi constatado que a cada 100 meninas, 68 engravidam na adolescência, porém no tempo de Maria a situação era bem diferente, apesar dos costumes judaicos estabelecerem que à partir da primeira ovulação a jovem estaria apta ao casamento, ter um filho fora dessa união seria motivo de desenrola para a família e um ato contra as leis judaicas, podendo a jovem ser apedrejada em praça pública.
Para assumir a maternidade é preciso abrir mão de muitas coisas, vocês devem saber, ou ao menos imaginar, quantas coisas a mãe de vocês abrem mão para proporcionar a vida que vocês seguem, por mais simples que seja sua vida, sua mãe fez renúncias em prol de você, se esteve doente, ela com certeza, estava pronta para dar a vida por sua saúde.
Hoje, vocês deram um Sim. Sim a obra de Maria. Creio que nessa confirmação, vocês pensaram nas coisas que vão ter que abdicar para poder participar do grupo, como deixar de ir a um shopping no sábado, algum confronto com as atividades da escola ou trabalho. Na missão de Jesus é assim, sempre irão aparecer obstáculos, mas vocês já pensaram no preço que Maria teve de pagar pelo Sim que ela deu?
Quando o Anjo Gabriel apareceu a Maria para anunciar que ela seria a mãe do Salvador, mesmo ela sendo ainda jovem, ela sabia as consequências de sua ação.

  • Ela sabia que poderia ser Expulsa de casa.
  • Ela sabia que poderia ficar mal falada na cidade em que morava, Nazaré na Galileia (um vilarejo com 400 habitantes em média, onde todo mundo se conhece).
  •  Ela sabia que poderia perder o Marido.
  • Ela sabia que poderia ser apedrejada até a morte.
Mas o que ela respondeu? Eis a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. Lc 1, 38. Meus irmãos, quantas vezes vocês deixaram Deus fazer sua vontade em tua vida? Vocês acham que foi fácil para Maria? Por que vocês acham que ela foi visitar Isabel?
Na Anunciação, quando o anjo apareceu para Maria, ele avisou que sua prima Isabel também ficaria grávida, desse modo, Isabel era a única que poderia entender o que estava acontecendo com Maria, pois, quem dos moradores daquela cidade iria acreditar que uma moça daria a Luz a um filho pela ação do Espirito Santo? E de fato não acreditaram, talvez, se o anjo tivesse aparecido para toda cidade, alguns acreditassem na versão de Maria. Mesmo Jesus com mais de 30 anos os judeus ainda falavam do suposto adultério de Maria, querem ver? Leiam João 8,41-42. "Retrucaram-lhe eles: Nós não somos filhos da fornicação; temos um só pai: Deus. Jesus replicou: Se Deus fosse vosso pai, vós me amaríeis, porque eu saí de Deus. É dele que eu provenho, porque não vim de mim mesmo, mas foi ele quem me enviou."
Maria estava prometida em casamento a José, como um noivado, só que nessa época, o noivado era um contrato que não poderia ser quebrado, para ser quebrado era preciso um distrato, um documento de repúdio.
José, quando viu a situação de Maria, à abandonou em silêncio, pois ele era o único que possuía o direito a acusa-la de adultério, então, para não ver Maria apedrejada ele preferiu ir embora, pois, se ninguém encontrasse seu paradeiro, como poderiam acusar sua? Porém, o anjo do Senhor apareceu para ele em sonho e assim ele voltou para Maria e realizaram o casamento. Mateus 1, 20-21.      
Mas, isso não foi o fim do sofrimento de Maria. Ser serva de Deus não é fácil, o mal tentará lhe desviar de sua missão o tempo todo, Anna Catarina Emmerich conta no seu livro, sobre Maria, que quando o anjo apareceu para Maria, ela estava no seu quarto rezando ajoelhada e depois se levantou, após a saída do anjo, apareceu uma cobra grande com a cabeça chata, então Maria pisou na cabeça da cobra e a cobra saiu em gritos enormes.
Talvez Maria tivesse tido medo, não sei, mas o seu medo, não deixou que ela desistisse de sua missão. Deus exigiu de Maria mais que um santuário para a concepção do seu filho amado, Maria foi alicerce para nascimento, vida e morte de Cristo. Se Jesus pode aguentar todo sofrimento do calvário é porque tinha uma mãe ao seu lado para lhe dar forças.
Quando estamos com medo, ou precisando de ajuda, quem primeiramente vem em nossa mente? A quem recorremos nosso primeiro pedido de socorro?
Chegou a hora de você também tomar Maria como mãe, de coloca-la como vossa protetora, e ama-la como ela merece. Não deixem, o medo fazer você desistir de sua missão, aceite Maria como mãe, e seja você também um filho amado da Santíssima Virgem.


Esse texto faz parte da Pregação sobre o Sim de Maria, realizada na Primeira reunião da JMV-SCJ no dia 23/03/2019.


Autor: Lenos Santiago - Jovem Mariano Vicentino.
Campina Grande-PB.

sábado, 2 de março de 2019

Jejuar pra quê?


Hoje em dia o Jejum, como forma de penitência, está se tornando uma prática cada vez mais atípica, muitos acreditam fazer parte de uma tradição da igreja católica ou apenas um rito judaico e não Cristão; outros acreditam que a penitencia é uma forma de masoquismo, que prejudica a saúde, e, desse modo, varre-se para debaixo do tapete o assunto, se eximindo de qualquer sacrifício em nome de Deus.
A palavra jejum significa "aflição de alma" ou "afligir a alma". É uma pratica espiritual que Deus colocou como meio de crescimento da nossa fé e devoção a ele. É uma atitude exterior que se reflete no nosso estado interior, dessa forma, a alma aflita busca a misericórdia divina, que se humilha perante a poderosa mão de Deus, para que Ele, nos dê graças, em tempo oportuno. “Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele vos exalte no tempo oportuno”, I Pedro 5, 6.
No antigo testamento, Jejum é obrigatório para os judeus, uma vez no ano, no dia da expiação¹, conforme estabelece o livro de Levítico 16,29-30. Porém, era comum os judeus se absterem por vários dias de alimentos e até de água, temos como exemplos: Paulo – 3 dias (Atos 9,9); Moisés - 40 dias (Êxodo 34,28); Elias – 40 dias (I Reis 19,8); Cristo – 40 dias (Lucas 4,2). O jejum era realizado com oração, não isolado; uma vez que, a falta de alimento no corpo se reflete na alma, pois, na falta de alimento, a alma sente a dependência de Deus.
Ao realizar o Sermão da Montanha, Jesus não só aprova o Jejum como ensina a forma que devemos fazer, “Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á”;  Mateus 6, 16-18.
            Vale destacar na passagem de Mateus 6, 16-18, que o jejum é algo voluntário, e que faz parte da sua intimidade com o Altíssimo, sendo assim não se necessário botar no status das redes sociais "Jejuando" e uma foto triste, rsrsrsrsrs. Quando você recebe a recompensa terrena através de aplausos humanos você afasta sua recompensa no céu. No sermão da montanha, Cristo elenca três coisas para se tornar uma pessoa piedosa: dar esmola, orar, e jejuar; desse modo, uma prática está vinculada a outra.
            Ao ser questionado pelo fato dos seus discípulos não jejuarem, Jesus responde que na sua presença não era necessário, porém, os discípulos haveriam de jejuar após sua morte, Mateus, 9, 14-15. E assim conforme os ensinamentos do seu mestre os discípulos realizaram prática do jejum; temos como exemplo Atos 13, 3 e Atos 14, 23.
Jesus esperava que seus discípulos fizessem na maneira certa, tanto que criou a parábola do Fariseu e do Publicado, Lucas 18, 9-14. Na parábola, a atitude hipócrita do Fariseu refletia na pratica do Jejum, que, por ele, era visto como algo meritório, uma vez feito, Deus tinha a obrigação de atender seus pedidos. Contudo, o jejum deve vim associado à mudança de vida, para não ser mais um ritual vazio.
A Igreja Católica tem como quarto mandamento: jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja. Mas, o que manda a Santa Mãe Igreja? Para respondermos essa pergunta devemos nos recorrer ao Código de Direito Canônico, ele aborda a lei divina da penitência  nos Cân. 1249-1253.
No Cân. 1250 há a indicação de quando se deve fazer jejum:
Cân. 1250 — Os dias e tempos de penitência na Igreja universal são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma².
Cân. 1251 — Guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB a) legislou em relação ao Cân. 1251 da seguinte forma:
Toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis, nesse dia, abstenham-se de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de piedade.
Vale destacar que a CNBB nos trás a faculdade de escolher entre Carne e outro Alimento, assim como, outra forma de penitência, indicando então a caridade ou exercício de piedade. Porém, não exclui a obrigatoriedade de jejuar na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão.
O Cân. 1252 estabelece que todos maiores de 18 anos e menores de sessenta anos são obrigados à jejuar.
Oração, jejum e caridade devem ser realizados por todos independente de obrigatoriedade ou não, conforme a norma Cân. 1249 — "Todos os fiéis, cada qual a seu modo, por lei divina têm obrigação de fazer penitência; para que todos se unam entre si em alguma observância comum de penitência". O que agrada Deus não é a restrição, mas sim o resultado que ela nos proporciona, é preciso vincular essa restrição a uma forma de crescimento. Muitas vezes para alcançar determinados objetivos, como a aprovação em um concurso público, a realização profissional, o término de alguma graduação ou pós, acabamos fazendo determinados sacrifícios em nossas vidas, nos abstendo de determinadas coisas para um bem maior, então, que sua penitência possa refletir no seu modo de viver, não como os fariseus citados por Cristo, mas como aquele que purifica sua vida para alcançar a graça de ser recebido no reino de Deus.
Você que ainda não jejuou, que tal separar um tempo para Deus, jejuar e confessar os vossos pecados?
Que seu jejum seja como uma semente que plantamos em determinado jardim. Aos poucos ela vai brotando, criando raízes e crescendo, tomando proporções, para no fim dar frutos.
“Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo dá o seu fruto, e cujo a folhagem não murcha…” Salmo 1,3.


Autor: Lenos Santiago - Jovem Mariano Vicentino.
Campina Grande-PB.