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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Quaresma, Nosso deserto com Cristo!

Estamos chegando na Quaresma, mas o que de fato significa?

   A igreja Católica define Quaresma como um tempo litúrgico que antecipa todo o período da Semana Santa, da Morte e da Ressurreição de Jesus, do mistério Pascal. Dessa forma, a Igreja nos separa um tempo para que possamos preparar o nosso coração, e viver verdadeiramente o tempo da Páscoa.
    A duração da Quaresma está baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia. Nesta, é retratada os 40 dias do dilúvio, dos 40 anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos 40 dias de Moisés e Elias na montanha, dos 400 anos que durou o exílio dos judeus no Egito e dos 40 dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, e é sobre este último que vamos concentrar nosso estudo e reflexão.
     O deserto é tido como um lugar especial para encontro com Deus e de preparação para iniciar uma jornada, devido o profundo silêncio que ele oferece. Desse modo, após ser batizado Jesus busca o deserto e lá passa 40 dias e noites jejuando e orando, o demônio então tenta atacar o messianismo de Jesus, o fazendo desistir de ser um messias sofredor, destinado a morrer. Procurando fazer dele um messias político que governa através de alianças políticas e de acordos com o inimigo.
     Satanás desafiou Jesus três vezes, vindo ele a vencer todas as tentações do inimigo. Na primeira tentação ele diz: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão, Lucas 4,3. SE ÉS FILHO DE DEUS? Jesus sabia que era filho de Deus, pois seu próprio pai havia lhe dito isto no Batismo, “Este é meu filho amado”, Mateus 3,17. Então sabiamente Jesus responde: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus, Lucas 4,4.
   O deserto é um lugar hostil, desacolhedor, sem qualquer atrativo natural, com uma paisagem monótona, que apresenta uma ou outra vegetação, e os moradores muitas vezes são escorpiões e víboras.
     Agora, Imaginem Jesus passando 40 dias no deserto... Suas vestes ficando cada dia mais sujas, seu rosto pálido, os cabelos emaranhados e a fome cada vez mais insuportável. Foi nessa situação que o Diabo aparece e desafia Jesus a transformar pedras em pães. Com certeza, o demônio fez de tudo para tornar esses 40 dias os mais insuportáveis possíveis.
    Satanás queria por dúvidas no coração de Jesus, como filho amado de Deus poderia estar sujo, cansado, com fome? E se pararmos para refletir, é com essa lógica que ele tenta manipular cada um, ele procura teus problemas e com eles confunde teus pensamentos, fazendo-te supor que como filho de Deus não poderias estar sofrendo. Satanás nos leva a pensar: como alguém pode ter uma vida boa e eu não? Será que Deus ama mais o outro do que eu? Assim como Jesus não aceitou as insinuações feitas por Satanás, nós também não podemos aceitar, e sim acreditar nas Palavras ditas por Deus em Mateus 3,17; este é meu filho amado!
    Quando pregamos sobre encontrar Jesus no deserto, recordamos a história de Santo Antão. Quando jovem, ele buscava o sentido da vida, ele tinha sede de algo mais, de perfeição. Foi então, que, ao participar de uma missa, o padre leu um trecho do evangelho que o tocou profundamente. O trecho era Mateus 19,21, quando Jesus diz ao jovem rico: Se queres ser perfeito, vai vende seus bens dê aos pobres e terás um tesouro nos Céus, depois vem e segue-me. Antão sentiu que este chamado era para si. Seu coração palpitou ao sentir que Jesus o chamava para a perfeição. Então, ele vendeu todos os seus bens e foi morar numa caverna no deserto, vivendo uma vida de oração e sacrifícios.
     Santo Antão atraia discípulos que queriam viver como ele vivia. Estes passavam a morar perto dele em cavernas ou em cabanas. Foi o primeiro indício de comunidade monástica cristã. Isto era mais do que o inimigo podia suportar, pois em verdade temia que agora fosse encher também o deserto com a vida ascética.
    Instigado pela raiva e fúria que tinha do Santo, o demônio tratou de fazê-lo desertar da vida ascética, em resumo, despertou em sua mente toda uma nuvem de argumentos, procurando fazê-lo abandonar seu firme propósito. O inimigo viu, no entanto, que era impotente em face da determinação de Antão, e que antes era ele que estava sendo vencido pela firmeza do homem, derrotado por sua sólida fé e sua constante oração. Atreveu-se então o perverso demônio a disfarçar-se de mulher e fazer-se passar por ela em todas as formas possíveis durante a noite, só para enganar a Antão. Mas ele encheu seus pensamentos de Cristo, refletiu sobre a nobreza da alma criada por Ele, e sua espiritualidade, e assim apagou o carvão ardente da tentação.
    Vendo que suas tentações não surgiram efeitos no Santo, numa determinada noite, chegou um grande número de demônios e o açoitou tão implacavelmente que ficou lançado no chão, sem conseguir ao menos falar, de tão insuportável que era a dor. Afirmava que a dor era tão forte que os golpes não podiam ter sido efetuados por homem algum para causar semelhante tormento. Porém mesmo com tantas provações o Santo continuava firme e forma na sua missão, e como ele dizia “a fé em Nosso Senhor é selo para nós e muro de salvação”.
    Então, que nesses 40 dias que irão antecipar a Páscoa de Cristo possamos também entrar num deserto, deserto este que nos leve a refletir nossa relação com Deus e o amor desposado por Jesus a nós na Cruz. Tentações irão surgir para nos afastar do caminho da missão, porém, tenha fé, você também é um filho amado de Deus.

Autor: Lenos Santiago - Jovem Mariano Vicentino.
Campina Grande-PB.


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