Posso jogar fora uma imagem sacra abençoada que quebrou?
Antes de pontuar o que se pode fazer
com uma imagem sacra que se quebrou, é válido destacar a importância e o valor
das imagens na Igreja. Começo recordando que católico não adora imagem, mas tem
por ela veneração.
São João Damasceno diz que
“antigamente, Deus, que não tem corpo nem aparência, não podia em absoluto ser
representado por uma imagem. Mas, agora que se mostrou na carne e viveu com os
homens, posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus. (…) Com o rosto
descoberto, contemplamos a glória do Senhor” (Catecismo da Igreja Católica, n.
1159).
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Nessa perspectiva, o Catecismo da
Igreja ensina que, “na trilha da doutrina divinamente inspirada de nossos
santos padres e da tradição da Igreja Católica, que sabemos ser a tradição do
Espírito Santo
que habita nela, definimos, com toda certeza e acerto, que as
veneráveis e santas imagens […] devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus,
nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e Salvador,
Jesus Cristo, como a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima Mãe de Deus,
dos santos anjos, de todos os santos e dos justos” (Catecismo da Igreja
Católica, n. 1161). A Igreja sempre valorizou tais práticas que conduzem para o
próprio Deus.
Como dispensar com zelo imagens sacras abençoadas quebradas?
Um primeiro ponto a ser observado em
relação a uma imagem sacra que se quebrou, é verificar a possibilidade de
restaurá-la, se assim for oportuno.
Após uma avaliação do estado da
imagem e não havendo uma possibilidade ou interesse em sua restauração, o
próximo passo seria utilizar a forma mais coerente de se desfazer do objeto,
levando em conta o seu significado.
A sugestão é que não há “necessidade”
de se levar as imagens quebradas para depositar nas Igrejas, cemitérios, jogar
em rios ou em outros lugares, mas elas podem ser trituradas e enterradas no
jardim ou em um vaso de sua casa. O sentido é evitar a possibilidade de as
imagens que foram abençoadas serem escarnecidas, ao serem jogadas no lixo com
indignidade ou deixadas em lugar indevido.
Com isso, deve-se desfazer das
imagens danificadas de forma que o seu valor espiritual e significado religioso
não sejam afetados, evitando qualquer sinal de desrespeito.
Dizia São João Damasceno que “a
beleza e a cor das imagens estimulam minha oração. É uma festa para os meus
olhos, tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu coração a dar glória a
Deus”.
Assim, a função tanto das imagens
abençoadas quanto dos ícones santos em boas condições é entrar “na harmonia dos
sinais da celebração, para que o mistério celebrado se grave na memória do
coração e se exprima em seguida na vida nova dos fiéis” (Catecismo da Igreja
Católica, n. 1162).
Portanto, uma imagem que está
quebrada ou danificada não atinge todo o seu objetivo, por isso, pode ser
dispensada sem nenhum problema.
Márcio Leandro Fernandes
Natural
de Sete Lagoas (MG), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato
às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova,
Cachoeira Paulista (SP), Márcio Leandro é também Bacharelando em Teologia
pela Faculdade Dehoniana, em Taubaté (SP). Atua no Departamento de
Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos
Confessionários.
Fonte:
Canção Nova
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