Como construir o reino de paz? Bento XVI responde
Leonardo Meira
Montagem sobre fotos / Reuters
"Como podemos construir este reino de paz de que Cristo é o rei? Como Jesus, os mensageiros de paz do seu reino devem colocar-se a caminho, devem responder ao seu convite - 'Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos [...] Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo' (Mt 28,19)", indicou o Papa Bento XVI na Catequese desta quarta-feira, 26.
O encontro acontece na véspera da Jornada de Reflexão, Diálogo e Oração pela Paz e Justiça no Mundo, marcada para esta quinta-feira, 27, em Assis, na comemoração dos 25 anos do primeiro histórico encontro convocado pelo Beato João Paulo II. Em virtude disso, a Catequese assumiu um modelo diferente, sob a forma de Celebração da Palavra.
"Como cristãos, estamos convencidos de que a contribuição mais preciosa que podemos dar à causa da paz é aquela da oração. [...] O Senhor pode iluminar a nossa mente e os nossos corações e guiar-nos para sermos construtores da justiça e da reconciliação nas nossas realidades cotidianas e no mundo", salientou.
"Queridos irmãos e irmãs, como cristãos, desejamos invocar de Deus o dom da paz, desejamos rezar para que Ele nos torne instrumentos da sua paz em um mundo ainda lacerado pelo ódio, por egoísmos, por guerras. Desejamos pedir-Lhe que o encontro de amanhã, em Assis, favoreça o diálogo entre pessoas de diversas pertenças religiosas e leve um raio de luz capaz de iluminar a mente e o coração de todos os homens, para que o rancor dê espaço ao perdão, a divisão à reconciliação, a violência à delicadeza, e, no mundo, reine a paz", afirmou.
Ele explicou que quis dar a esta Jornada o título "Peregrino da verdade, peregrinos da paz" para significar "o compromisso que desejamos solenemente renovar, juntamente com os membros de diversas religiões, e também com homens não crentes, mas sinceramente em busca da verdade, na promoção do verdadeiro bem da humanidade e na construção da paz. Como já tive oportunidade de recordar, 'quem está em caminho rumo a Deus não pode deixar de transmitir a paz, quem constrói a paz não pode deixar de aproximar-se de Deus'".
Liturgia da Palavra
O Evangelho proclamado (cf. Lc 10,1-3) narra que Jesus envia seus discípulos "como cordeiros em meio a lobos" (v. 3), sem bolsas, sacos ou sandálias (cf. v. 4).
"São João Crisóstomo, em uma das suas Homilias, comenta: 'Enquanto formos cordeiros, venceremos, e, ainda que sejamos circundados por numerosos lobos, chegaremos a superá-los. Mas, se nos tornarmos lobos, seremos derrotados, porque estaremos privados do auxílio do pastor'. Os cristãos não devem nunca cair na tentação de se tornarem lobos entre os lobos; não é com o poder, com a força, com a violência que o reino de paz de Cristo se estende, mas com o dom de si, com o amor levado ao extremo, também com relação aos inimigos. Jesus não vence o mundo com a força das armas, mas com a força da Cruz, que é a verdadeira garantia da vitória. E isso tem como consequência, para quem deseja ser discípulo do Senhor, seu enviado, o estar pronto também para a paixão e o martírio, a perder a própria vida por Ele, para que, no mundo, triunfem o bem, o amor, a paz", salientou.
Segundo o Papa, o anúncio da paz acontece hoje na grande rede das comunidades eucarísticas que se estende sobre toda a terra. É um grande mosaico de comunidades, nas quais se torna presente o sacrifício de amor deste rei manso e pacífico; é o grande mosaico que constitui o "Reino de paz" de Jesus. "O Senhor vem na Eucaristia para tolher-nos do nosso individualismo, dos nossos particularismos que excluem os outros, para formar-nos em um só corpo, um só reino de paz em um mundo dividido", ressalta.A audiência
O encontro do Santo Padre com os cerca de 15 mil fiéis que foram ao Vaticano aconteceu às 10h30 (horário de Roma - 6h30 no horário de Brasília). Devido ao mau tempo em Roma, o encontro foi transferido da Praça de São Pedro para a Sala Paulo VI. Como esse local não comporta um número tão grande de pessoas, o Pontífice encontrou-se anteriormente, na Basílica de São Pedro, com os que não conseguiram lugar na Sala Paulo VI.
"Com alegria, vos acolho na Basílica de São Pedro e dou as minhas cordiais boas-vindas a todos vós que não conseguistes lugar na Sala Paulo VI. Vivei sempre unidos a Cristo e testemunhai com alegria o Evangelho. De coração, concedo a todos vós a minha Bênção", disse aos peregrinos.
Bento XVI também lançou um apelo pelas vítimas do terromoto na Turquia.Ao final da Catequese, na saudação aos fiéis de língua portuguesa, o Papa afirmou:
"Uma saudação amiga e encorajadora para todos os peregrinos de língua portuguesa, com menção especial dos grupos brasileiros de Aracajú, Cachoeira Paulista, Gama, Recife e Rio de Janeiro. Conto com a vossa oração pelos Representantes das várias Religiões que amanhã se reúnem em Assis, a bem da justiça e da paz sobre a terra. Sobre vós e vossos familiares, desça a minha Bênção".
Fonte: Canção Nova
O encontro acontece na véspera da Jornada de Reflexão, Diálogo e Oração pela Paz e Justiça no Mundo, marcada para esta quinta-feira, 27, em Assis, na comemoração dos 25 anos do primeiro histórico encontro convocado pelo Beato João Paulo II. Em virtude disso, a Catequese assumiu um modelo diferente, sob a forma de Celebração da Palavra.
"Como cristãos, estamos convencidos de que a contribuição mais preciosa que podemos dar à causa da paz é aquela da oração. [...] O Senhor pode iluminar a nossa mente e os nossos corações e guiar-nos para sermos construtores da justiça e da reconciliação nas nossas realidades cotidianas e no mundo", salientou.
"Queridos irmãos e irmãs, como cristãos, desejamos invocar de Deus o dom da paz, desejamos rezar para que Ele nos torne instrumentos da sua paz em um mundo ainda lacerado pelo ódio, por egoísmos, por guerras. Desejamos pedir-Lhe que o encontro de amanhã, em Assis, favoreça o diálogo entre pessoas de diversas pertenças religiosas e leve um raio de luz capaz de iluminar a mente e o coração de todos os homens, para que o rancor dê espaço ao perdão, a divisão à reconciliação, a violência à delicadeza, e, no mundo, reine a paz", afirmou.
Ele explicou que quis dar a esta Jornada o título "Peregrino da verdade, peregrinos da paz" para significar "o compromisso que desejamos solenemente renovar, juntamente com os membros de diversas religiões, e também com homens não crentes, mas sinceramente em busca da verdade, na promoção do verdadeiro bem da humanidade e na construção da paz. Como já tive oportunidade de recordar, 'quem está em caminho rumo a Deus não pode deixar de transmitir a paz, quem constrói a paz não pode deixar de aproximar-se de Deus'".
Liturgia da Palavra
O Evangelho proclamado (cf. Lc 10,1-3) narra que Jesus envia seus discípulos "como cordeiros em meio a lobos" (v. 3), sem bolsas, sacos ou sandálias (cf. v. 4).
"São João Crisóstomo, em uma das suas Homilias, comenta: 'Enquanto formos cordeiros, venceremos, e, ainda que sejamos circundados por numerosos lobos, chegaremos a superá-los. Mas, se nos tornarmos lobos, seremos derrotados, porque estaremos privados do auxílio do pastor'. Os cristãos não devem nunca cair na tentação de se tornarem lobos entre os lobos; não é com o poder, com a força, com a violência que o reino de paz de Cristo se estende, mas com o dom de si, com o amor levado ao extremo, também com relação aos inimigos. Jesus não vence o mundo com a força das armas, mas com a força da Cruz, que é a verdadeira garantia da vitória. E isso tem como consequência, para quem deseja ser discípulo do Senhor, seu enviado, o estar pronto também para a paixão e o martírio, a perder a própria vida por Ele, para que, no mundo, triunfem o bem, o amor, a paz", salientou.
Segundo o Papa, o anúncio da paz acontece hoje na grande rede das comunidades eucarísticas que se estende sobre toda a terra. É um grande mosaico de comunidades, nas quais se torna presente o sacrifício de amor deste rei manso e pacífico; é o grande mosaico que constitui o "Reino de paz" de Jesus. "O Senhor vem na Eucaristia para tolher-nos do nosso individualismo, dos nossos particularismos que excluem os outros, para formar-nos em um só corpo, um só reino de paz em um mundo dividido", ressalta.A audiência
O encontro do Santo Padre com os cerca de 15 mil fiéis que foram ao Vaticano aconteceu às 10h30 (horário de Roma - 6h30 no horário de Brasília). Devido ao mau tempo em Roma, o encontro foi transferido da Praça de São Pedro para a Sala Paulo VI. Como esse local não comporta um número tão grande de pessoas, o Pontífice encontrou-se anteriormente, na Basílica de São Pedro, com os que não conseguiram lugar na Sala Paulo VI.
"Com alegria, vos acolho na Basílica de São Pedro e dou as minhas cordiais boas-vindas a todos vós que não conseguistes lugar na Sala Paulo VI. Vivei sempre unidos a Cristo e testemunhai com alegria o Evangelho. De coração, concedo a todos vós a minha Bênção", disse aos peregrinos.
Bento XVI também lançou um apelo pelas vítimas do terromoto na Turquia.Ao final da Catequese, na saudação aos fiéis de língua portuguesa, o Papa afirmou:
"Uma saudação amiga e encorajadora para todos os peregrinos de língua portuguesa, com menção especial dos grupos brasileiros de Aracajú, Cachoeira Paulista, Gama, Recife e Rio de Janeiro. Conto com a vossa oração pelos Representantes das várias Religiões que amanhã se reúnem em Assis, a bem da justiça e da paz sobre a terra. Sobre vós e vossos familiares, desça a minha Bênção".
Fonte: Canção Nova
Já no trecho do profeta Zacarias, também lido na Celebração, fala-se de um rei: "Eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso" (v. 9). Esse rei é Jesus, aquele que nasce envolto em faixas em uma manjedoura e, antes de sua Paixão, Morte e Ressurreição, entra em Jerusalém, a Cidade Santa, montado em um jumento.
"Ele é um rei pobre, o rei daqueles que são os pobres de Deus. [...] Jesus é o rei dos anawim, daqueles que têm o coração livre da ânsia do poder e riqueza material, da vontade e da busca de domínio sobre o outro. Jesus é o rei de quantos têm aquela liberdade interior que os torna capazes de superar a ganância, o egoísmo que está no mundo, e sabem que Deus somente é a sua riqueza. Jesus é rei pobre entre os pobres, brando entre aqueles que desejam ser brandos. Deste modo, Ele é o rei da paz, graças ao poder de Deus, que é o poder do bem, o poder do amor. [...] Um rei que realiza a paz sobre a Cruz, conjugando a terra e o céu e lançando uma ponte fraterna entre todos os homens. A Cruz é o novo arco da paz, sinal e instrumento de reconciliação, de perdão, de compreensão, sinal de que o amor é mais forte do que toda a violência e opressão, mais forte do que a morte: o mal se vence com o bem, com o amor", destaca Bento XVI.
"Ele é um rei pobre, o rei daqueles que são os pobres de Deus. [...] Jesus é o rei dos anawim, daqueles que têm o coração livre da ânsia do poder e riqueza material, da vontade e da busca de domínio sobre o outro. Jesus é o rei de quantos têm aquela liberdade interior que os torna capazes de superar a ganância, o egoísmo que está no mundo, e sabem que Deus somente é a sua riqueza. Jesus é rei pobre entre os pobres, brando entre aqueles que desejam ser brandos. Deste modo, Ele é o rei da paz, graças ao poder de Deus, que é o poder do bem, o poder do amor. [...] Um rei que realiza a paz sobre a Cruz, conjugando a terra e o céu e lançando uma ponte fraterna entre todos os homens. A Cruz é o novo arco da paz, sinal e instrumento de reconciliação, de perdão, de compreensão, sinal de que o amor é mais forte do que toda a violência e opressão, mais forte do que a morte: o mal se vence com o bem, com o amor", destaca Bento XVI.
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