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quarta-feira, 3 de abril de 2019

Jesus abre a Páscoa com Entrada Triunfal em Jerusalém

Me recordo que quando era criança adorava ir no sítio da minha avó nos tempos de fazer farinha de mandioca. Ainda me lembro com detalhes todo o processo.
Nós pegávamos um jumento, colocávamos os caçuás nas cangalhas deste e enchíamos de mandioca, geralmente coincidia com tempos de chuva, então pra nós crianças a brincadeira já começava aí. No engenho onde a farinha era preparada as mulheres já esperavam a carga para descascar toda mandioca e dar início ao processo de preparo. Após a mandioca ser descascada era colocada na entrada de um motor de triturar onde saia do outro lado, toda em minúsculos pedaços.
Após a mandioca triturada os homens cuidavam em colocá-la dentro de sacos de farinha que posteriormente eram prensadas em um torno até sair todo líquido e a massa ficar seca. Esse líquido que sai da prensa dá origem a goma de mandioca. Já a massa seca ia para o forno para gerar a farinha.
Esse processo de fabricação da farinha de mandioca me fez lembrar o que Jesus passou antes do seu calvário. Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde vivia Lázaro, que ele ressuscitara. Lá pediu a dois discípulos que fossem em determinada aldeia onde encontrariam um jumentinho atado, em que nunca montou pessoa alguma, como também os instruiu do que dizer as pessoas que questionassem sobre a retirada do animal, e assim os discípulos fizeram. Quando desprendiam o jumentinho, perguntaram-lhes seus donos: Por que fazeis isto? Eles responderam: O Senhor precisa dele. E então trouxeram a Jesus o jumentinho, sobre o qual deitaram seus mantos e fizeram Jesus montar; Lc 19,29-35.
E assim, Jesus seguiu destino no jumentinho à Jerusalém pelo Monte das oliveiras. Muitos dos seus discípulos acreditavam que seria nesse dia que Jesus se proclamaria Rei dos judeus, até seus apóstolos, entre eles Judas Iscariotes, a multidão que seguia Jesus estava em êxtase, todos gritando: “Hosana ao filho de Davi! Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!”. O Salmo 118 na sua versão original, em Hebraico traz a expressão Yhwh Hoshi’ah. “Yhwh” é o nome sagrado de Deus que posteriormente é traduzido em “Senhor”, e Hoshi’ah quer dizer Salva, desse modo, fazendo uma junção desses dois termos, no aramaico temos a pronúncia da palavra “Hosana”, que quer dizer “O Senhor Salva”, e em paralelo significa exatamente o nome “Jesus”.
No percurso de Jesus até Jerusalém, os que tinham condições estendiam os mantos pelo caminho, para o Senhor passar, já os mais pobres cortavam ramos de árvores e espalhava-os pela estrada, Mt 21,8-9. Jesus seguia no jumentinho se preparando para levar consigo para o Calvário todos os pecados deste mundo. Esse episódio ficou conhecido como Domingo de Ramos. Na tradição da igreja Católica se comemora ano pós ano essa entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e, os ramos que os fiéis levam para procissão do Domingo de Ramos são guardados para serem queimados e utilizados como cinzas na missa da quarta-feira de cinzas do ano seguinte.
Ao chegar na Porta Dourada alguns fariseus interpelaram a Jesus no meio da multidão: “Mestre, repreende os teus discípulos”. Ele respondeu: “Digo-vos: se estes se calarem, clamarão as pedras!”. E realmente, após a morte do Messias as pedras clamaram. Jesus então entrou no templo e de lá expulsou comerciantes que praticavam câmbio e vendiam animais para o sacrifício no templo. Depois saiu de Jerusalém para hospedar-se em Betânia. Judas, desapontado pelo fato do seu Mestre não ter tomado o “poder” naquele dia resolve entrega-lo na tentativa de forçar Jesus a se rebelar, declarar-se Rei dos Judeus e libertar o povo das mãos dos romanos.
Na quinta-feira, depois de ceiar com seus apóstolos, Jesus leva-os ao Monte das Oliveiras para orar, lá, naquele local, existiam engenhos que produziam óleo de azeite das olivas que eram coletadas daquele monte, e assim como a mandioca a oliva também era espremida e espremida até dar origem ao óleo que tem múltiplas utilizações, na culinária, como medicamento, unguento ou bálsamo, perfume, combustível para iluminação, lubrificante de alfaias e impermeabilizante de tecidos. Cristo então se ajoelhou, e começou a orar: “Pai, se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a tua”. Ele entrou numa agonia tão grande e orava com tanta força que seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra, Lc 22,42-44. A alma do cordeiro de Deus era espremida de tal forma que assim como as olivas liberavam seu óleo Jesus derramava seu sangue pela terra.
Voltando ao Domingo de Ramos, Jesus fez-se cumprir a profecia do profeta Ezequiel que o Messias prometido entraria pela Porta Oriental, acessando o Templo (Ez 43:1-5). O Profeta havia dito também que a Porta Oriental seria selada (fechada) no futuro, preservando-a para a gloriosa e triunfal entrada do Messias (Ez 44:1-2), e assim se fez, nos anos 70 d.C. o templo de Jerusalém foi derrubado pelos romanos e a porta selada, para nunca mais se abrir. Então, assim como Cristo entrou em Jerusalém, pela porta de ouro, ele também possa entrar em seu coração, selando assim a porta para nunca mais sair.


Autor: Lenos Santiago - Jovem Mariano Vicentino.
Campina Grande-PB.

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