Vida
Cristã: Como o cristão deve dar esmola?
\Quando ouvimos esta palavra ESMOLA vem
logo a nossa cabeça algumas moedas ou um trocadinho que tiramos do bolso para
dar a um pedinte na porta de casa, no farol de transito ou nas calçadas de
nossa cidade. Quase sempre é algo que nos sobra ou um restinho do que a gente
tem, mas esmola,CARIDADE é muito mais do que isso. É
dar
mais de si do que daquilo que se tem. Precisamos sim assistir aos nossos
irmãos nas suas necessidades, a fome não espera, mas esmola é muito mais que
assistencialismo é dar vida, dignidade, tirar o irmão da situação que ele se
encontra. Dar algo material é muito mais fácil e cômodo do que dar de
si, do seu tempo, das suas capacidades, daquilo que você sabe fazer, e
principalmente do amor humano carregado do amor Divino.
Se a Oração celebra
o relacionamento do Homem com Deus e daí todos os frutos dela fazem o homem
abrir não somente as mãos, mas os braços e o coração. O Jejum abre
e une os homens entre si. A cruz simboliza muito bem o que é a nossa fé,
dimensão horizontal e vertical. A esmola celebra o relacionamento do homem com
o seu próximo, na virtude Teologal da Caridade. Este assunto é polemico para
quem não entende que esmola não é somente dinheiro, é doar-se concretamente ao
próximo.
O que significa a esmola? Dar esmola significa dar de
graça, dar sem interesse de receber de volta, dar sem egoísmo, sem pedir
recompensa, em atitude de compaixão. Nisto ele imita o próprio Deus no mistério
da criação e a Jesus Cristo, no mistério da Redenção. Jesus fala sobre
esta verdadeira caridade na parábola do Bom Samaritano (cf. Lucas
10,25-37) quem é o teu próximo?
O homem recebeu tudo do seu criador. Tudo
quanto tem, possui-o porquê recebeu. Ora, se Deus dá de graça e se o homem é
criado à imagem e semelhança de Deus, se Cristo se doou totalmente, dando sua
vida, também ele será capaz de dar de graça. Ao descobrir que dentro de si
existe a sublime capacidade de dar de graça, a exemplo de Deus e de Cristo,
brota nele o desejo de celebrá-la.
Quando, pois, na Quaresma a Igreja convoca
a todos os fiéis a darem esmola, ela comemora aquele que por excelência exerceu
a esmola: Jesus Cristo. Convida o homem à atitude de abertura ao próximo,
convida-o a servir ao próximo com generosidade e desprendimento. Ora, neste
momento a esmola começa a significar toda esta atitude de doação gratuita. Não
só de bens materiais, mas o tempo, o interesse, as qualidades, o serviço, o
acolhimento, a aceitação. E todo este mistério de abertura e gratuidade em
favor do próximo na imitação de Deus e de Cristo possui então uma linguagem
ritual. Tem valor de símbolo. Pela celebração da esmola a Igreja comemora a
generosidade de Cristo que deu sua vida pelos seus e torna presente
Cristo, dando-se a seus irmãos em cada irmão, formando o seu corpo. Assim,
quando a Igreja convida os fieis a exercerem a esmola durante a Quaresma, sabe
muito bem que não é pela esmola em si que ela vai resolver os problemas sociais
e realizar a promoção humana, mas sabe também que é pelo que a esmola significa
que ela vai realizar uma verdadeira promoção humana.
Portanto, não é a quantia que importa, mas
o que gesto ou o rito da esmola significa. Exercitando a atitude da esmola
durante a Quaresma, a Igreja quer levar os cristãos a viverem a atitude da
esmola durante todo o ano, durante toda a vida. Descobrimos, então, que no
exercício da esmola está contida a atitude de conversão, em relação ao próximo.
O que diz o Catecismo da Igreja Católica:
No Batismo, Deus infunde na alma, sem
nenhum mérito nosso, as virtudes, que são disposições habituais e firmes para
fazer o bem. As virtudes infusas são teologais e morais. As teologais têm como
objeto a Deus; as morais têm como objeto os bons atos humanos. As teologais são
três: fé, esperança e caridade.
Com relação à Virtude Teologal da
caridade, ou seja, do amor, deve-se ter em conta que o amor a Deus e o amor ao
próximo são uma mesma e única coisa, de modo que um depende do outro; por isto,
tanto mais poderemos amar ao próximo quanto mais amemos a Deus; e, por sua vez,
tanto mais amaremos a Deus quanto mais de verdade amemos ao próximo.
§1822 A CARIDADE é a virtude teologal pela qual
amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e a nosso próximo como a nós
mesmos, por amor de Deus.
§1823 Jesus fez da caridade o novo mandamento.
Amando os seus “até o fim” (Jo 13,1), manifesta o amor do Pai que Ele recebe.
Amando-se uns aos outros, os discípulos imitam o amor de Jesus que eles também
recebem. Por isso diz Jesus: “Assim como o Pai me amou, também eu vos
amei. Permanecei em meu amor” (Jo 15,9). E ainda: “Este é o
meu preceito: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12).
§1824 Fruto do Espírito e da plenitude da lei, a
caridade guarda os mandamentos de Deus e de seu Cristo: “Permanecei
em meu amor. Se observais os meus mandamentos, permanecereis no meu amor” (Jo
15,9-10).
§1825 Cristo morreu por nosso amor quando éramos
ainda “inimigos” (Rm 5,10). O Senhor exige que amemos como Ele, mesmo os nossos
inimigos, que nos tornemos o próximo do mais afastado, que amemos como Ele as
crianças e os pobres.
O apóstolo S. Paulo traçou um quadro
incomparável da caridade: “A caridade é paciente, a caridade é
prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz
de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não
guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade.
Tudo desculpa tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (l Cor
13,4-7).
§1826 Diz ainda o apóstolo: “Se
não tivesse a caridade, nada seria…”. E tudo o que é privilégio, serviço e
mesmo virtude… “Se não tivesse a caridade, isso nada me adiantaria”. A caridade
superior a todas as virtudes. E a primeira das virtudes teologais “Permanecem
fé, esperança, caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade” (1
Cor 13,13).
§1827 O exercício de todas as virtudes é animado
e inspirado pela Caridade, que é o “vinculo da perfeição” (Cl
3,14); é a forma das virtudes, articulando-as e ordenando-as entre si; é fonte
e termo de toda prática cristã. A caridade assegura purifica nossa capacidade
humana de amar, elevando-a a feição sobrenatural do amor divino.
§1829 A caridade tem como frutos a alegria, a
paz e a misericórdia, exige a beneficência e a correção fraterna; é
benevolência; suscita a reciprocidade; é desinteressada e liberal; é amizade e
comunhão:
A finalidade de todas as nossas obras é o
amor. Este é o fim, é para alcançá-lo que corremos, é para ele que corremos;
uma vez chegados, é nele que repousaremos.
§1844 Pela Caridade, amamos a Deus sobre todas
as coisas e a nosso próximo como a nós mesmos por amor a Deus. Ela é o “vínculo
da perfeição” (Cl 3,14) e a forma de todas as virtudes.
A vida fraterna na família, no trabalho e
na comunidade paroquial é o ambiente ideal para vivermos de maneira concreta a
Caridade. Portanto, dar tudo e de melhor a Deus e aos irmãos e não as migalhas
e muito menos aquilo que nos sobra. Qual tem sido a qualidade de sua vida
fraterna e de seus gestos concretos com seus irmãos? Escreva nos comentários e
partilhe deixando também seus pedidos de orações.
Oração: Senhor daí-nos experimentar
primeiro o Teu amor por nós e depois amaremos profundamente a Ti e a nossos
irmãos, “pois sem Ti nada podemos fazer”. Eu quero e sei que este caminho é o
caminho da perfeição, por isso, derrama sobre nós o Teu Espírito Santo, é Ele quem
nos revela o Amor do Pai e do Filho, a clareza dos nossos pecados e a graça da
conversão para poder amar de verdade a Deus e aos nossos irmãos.
Conte com as minhas orações.
Padre Luizinho, Com. Canção Nova.
Diretor Espiritual e Formador do Pré-discípulado.
Fonte: Canção Nova
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