A Sagrada Eucaristia é fonte de milagre
Eu sou um milagre! Minha luta por
sobrevivência começou na gestação da
minha mãe. Quando ela engravidou de mim, contraiu sífilis – meu pai aprontava
muito com ela! Aos dois anos e nove meses de matrimônio, minha mãe já tinha
três meninas, eu era a terceira. Depois de muito tempo, quando eu já era
adulta, ela me contou que tomou remédio para abortar-me aos nove meses de
gravidez. Não abortou, né?
Eu nasci com sífilis, sangrando pela
vagina (sangrava muito!). O médico deu entrada no tratamento com antibióticos.
Hoje, tenho uma lesão na válvula mitral e os médicos têm quase certeza de que
eu a contraí na minha gestação, por causa da infecção no nascimento. No
entanto, sempre fui muito ativa; na Igreja, sempre fui companhia para minha
tia, que é uma baluarte na fé para mim.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com
Ao fazer os exames pré-nupciais para
me casar, descobri que eu tinha uma estenose mitral. Eu sentia muito cansaço,
mas nunca fui de reclamar. Praticava vários esportes, mas achava que todo mundo
sentia o que eu sentia. Minha mãe contava que a febre alta não me derrubava e
eu
tinha muita febre! Quando fui diagnosticada com estenose, houve a suspeita também
de febre reumática, mas minha mãe não se lembra disso, porque eu era muito
“dura na queda”. O que se sabe é a história de sífilis durante a gestação e que
eu nasci com quadro infeccioso. Foi durante esses exames
que descobriram a estenose mitral, quando começou a minha
maratona com cardiologistas. Eles teimavam em dizer que eu não poderia engravidar, porque
era muito esforço, mas tive três filhas e, graças a Deus, deu tudo certo.
Válvula biológica
Em 1990, em São Paulo, na
Beneficência Portuguesa, fiz a primeira troca de válvula e coloquei uma válvula
biológica. Vieram as recomendações médicas: tentar, ao máximo, não pegar
nenhuma infecção, para não contaminar a válvula. Eu tomava benzetacil como
profilaxia; enfim, infecção zero.
Morando em Brasília (DF) desde 1997,
em 2005, contraí um cisto de água no dedo médio e fui para o pronto atendimento
do hospital. O cisto foi retirado. Depois de 15 dias, o local onde havia o
cisto começou a inflamar; fui medicada para prevenir a infecção, mas inflamou e
eu contraí uma bactéria chamada staphylococcus. Fui internada no dia 13 de
junho; no dia 2 de julho, já estava com infecção generalizada, provocada por
essa pequena incisão no dedo médio.
A partir daí, começou toda a luta,
pois a infecção foi tomando uma proporção muito grande e a bactéria se alojou
justamente na válvula biológica no coração. Fiquei internada do dia 2 de julho
até 23 de dezembro. Conseguia vencer a infecção com antibióticos fortíssimos
no sangue, mas
o medicamento não tinha potência para chegar onde a bactéria se alojou, na
válvula biológica e vencê-la. Os médicos me davam descanso de uma semana da
medicação; depois eu fazia hemocultura e constatavam que a bactéria havia se
proliferado novamente, tomando uma proporção muito grave, violenta. Foi, então,
que eu contraí endocardite bacteriana, o que só foi complicando a minha
situação.
Luta por sobrevivência
Os médicos chegaram à conclusão de
que não tinha mais nada a fazer, porque entrar num processo de cirurgia seria
um risco muito maior, pois não havia nada que vencesse aquela bactéria. Eram
três infectologistas, sendo dois de São Paulo (SP) e um de Brasília (DF). Eles
lutaram, tentaram a melhor saída, mas chegaram à conclusão de que não havia
mais saída para mim, pois havia a suspeita de que eu estava entrando em
falência múltipla dos órgãos; os rins já estavam paralisando.
Chamaram meu marido na clínica, conversaram
e acharam, por bem, fazer a troca da válvula, mas as minhas chances de
sobreviver eram praticamente nenhuma. Disseram para meu marido: “Ela vai morrer
de qualquer jeito. Se da forma que está, ela não reage mais ao tratamento, a
troca da válvula é uma tentativa sem esperança. Queremos
o aval da família para realizar o procedimento”. Estávamos sem saída, mas a fé
que temos em Deus nos levou a tomar essa atitude junto ao meu marido. Os meus
filhos conversaram comigo e sabíamos que Deus estava no controle de tudo.
UTI e coma
Fui para o centro cirúrgico no dia 31
de outubro de 2005. Lá, a coisa se complicou, porque a infecção violenta causou
hemorragia. Após a cirurgia, fui logo para a UTI, completamente entubada. O
sangue entrava e saía; em três dias, foram 16 bolsas de sangue. Não tinha
plasma, não tinha nada que segurasse o sangue. Fiquei vários dias na UTI nessa
situação.
Durante esse tempo, tive hipotermia,
hipoglicemia e entrei em coma profundo. Durante o coma, eu tinha percepção das
coisas. No meu inconsciente escutava os médicos falarem que eu já era uma causa
perdida, eles não tinham mais nada para fazer.
Eucaristia
Um dia, tive uma ligeira melhora. Não
sei se foi uma visão, mas vi o padre em outra ala; comecei a me debater e, no
meu inconsciente, pedia a Eucaristia. Isso eu não sei dizer se foi real ou
irreal, mas para mim, recebi a Eucaristia dissolvida em água. Ninguém tem essa
certeza, mas inconscientemente, eu tenho certeza que a recebia todos os dias, e
isso me dava uma esperança muito grande.
Num domingo, saí da semi-intensiva.
Eu ainda não estava bem, mas os médicos resolveram me levar para o quarto,
porque eu teria mais acompanhamento familiar. Cheguei no quarto e meus filhos
estavam me esperando; eles disseram que, quando abri os olhos, eu disse: “Hoje
é domingo e eu quero ir à Missa”. No hospital Santa Lúcia, em Brasília,
havia Missa com os padres da São Camilo de Lelis; perturbei tanto a
enfermeira-chefe, que ela me levou para a Capela, na maca, toda cheia de
equipamento.
Não me lembro de muita coisa, mas me
recordo de estar muito sonolenta e fraquinha. Lembro-me do padre, na hora da
Eucaristia, tocando no meu ombro, perguntando se eu queria receber Jesus e se
eu tinha condições de recebê-Lo. Eu disse ‘sim’; ele dissolveu a hóstia em uma
colherzinha de chá e me deu Jesus Eucarístico. A partir da segunda-feira,
o padre começou
a me levar a Eucaristia todos os dias, à tarde, no hospital. Continuei todo
aquele processo de tratamento com antibiótico, mas o quadro foi se complicando.
Fiquei internada até 22 de dezembro, sem nenhuma resposta, a infecção
aumentando e com febre alta o tempo todo.
No dia 22 de dezembro, chamaram minha
família e meu esposo, disseram que iam me dar alta naquele dia, porque não
havia mais nada que eles pudessem fazer. O máximo que eu aguentaria era passar
o Natal com a família e não iria mais resistir.
Desejo de ir à Missa
No dia 26 de dezembro, começou a
brotar um desejo no meu coração, muito grande, de ir à Missa, eu
queria ir para a Igreja. Havia um desejo muito forte, no meu coração, de
receber Jesus nas duas espécies – Corpo, Sangue Alma e Divindade – pois eu
acreditava que o Sangue de Jesus purificaria o meu. Falei para o meu esposo,
mas ele disse que era uma loucura, pois eu não tinha condições; além disso, as
pessoas já estavam trazendo a Eucaristia para mim. No entanto, o desejo de ir à
Missa era algo que gritava dentro de mim.
No domingo seguinte, perturbei tanto
meu esposo, que ele me levou à Igreja. Até aquele momento, eu tinha picos de
febre de 42º por dia. Ele nem ficou comigo, porque eu estava debilitada, com
muita febre; deixou-me com o pessoal da catequese, que cuidou de mim. A minha
oração, quando me colocaram sentadinha no banco, foi: “Jesus, eu estou aqui.
Que Seu Sangue purifique o meu, Senhor. Toque no coração do padre, para que,
quando for celebrar essa Eucaristia, ele dê a comunhão em duas espécies (coisa
que não era comum na minha paróquia)”. Eu disse a Jesus: “Eu só vou abrir os
meus olhos na hora da Eucaristia”; e isso aconteceu. Abri os olhos, e o padre
estava distribuindo a Eucaristia em duas espécies. Foi uma emoção muito
grande! Eu chorava demais e as pessoas ficaram sem entender o que estava
acontecendo. A minha oração também foi esta: “Senhor, que o Seu Sangue agora
purifique o meu. Louvado seja o Seu nome e o Seu Sangue, Senhor”.
“Que aconteça conforme você acredita”
Quando acabou a Missa, meu esposo me
pegou no colo e me levou à sacristia, para que eu pudesse explicar ao padre o
motivo de minha emoção. Ele, então, disse-me: “Minha filha, que aconteça
conforme você acredita”.
Eu tomei posse dessa verdade de fé
que o padre falou e fui para casa confiante. Ainda
tive dois dias de febre, mas na terça-feira, não tive febre e, a partir dali,
fui me recuperando. Após 15 dias, o hospital ligou para saber o que havia
acontecido comigo, a fim de dar baixa no meu prontuário. Meu esposo disse que
eu estava ao lado dele e perguntou se queriam falar comigo. Eles ficaram sem
graça e pediram desculpas. Fui melhorando. Hoje, estou aqui para contar as
grandes maravilhas de Jesus Sacramentado na minha vida.
Gilda Maria Alves de Araújo
Pereira
Brasília (DF)
Brasília (DF)
Fonte: Canção Nova
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