Saibamos como surgiu a controvérsia sobre quem esmagou a cabeça da serpente, se foi Jesus ou Maria, e qual é a interpretação da Igreja Católica dessa passagem.
Desde o livro do Gênesis subsiste a ideia de que alguém
deverá esmagar a cabeça de Satanás. “Porei ódio entre ti e a mulher”, diz o
Criador à serpente, “entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a
cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3, 15).

Quem será, porém, o responsável por esse aniquilamento
completo do mal? Será a própria mulher ou a sua descendência? A Virgem Maria ou
nosso Senhor Jesus Cristo?
A confusão na interpretação de quem esmagou a cabeça da
serpente
O livro do Gênesis foi escrito em hebraico e nele o que
se lê é que é a semente da Mulher, a descendência dela, que esmagará a cabeça
da serpente, frisando que a palavra semente naquela língua é masculina.
A confusão deu-se porque a Bíblia não foi traduzida
diretamente para o latim, mas para o grego, na famosa tradução dos Setenta.
Nessa língua, a palavra em questão é neutra, por isso ocorre uma indecisão na
interpretação.
Na Vulgata, o mesmo versículo é traduzido como sendo
feminino. Foi nesta versão que a novidade foi introduzida. Ou seja, a
interpretação de que a Mulher e não a descendência surgiu por causa desse
texto. Assim a interpretação literal do texto do Gênesis está resolvida.
Contudo, ainda é preciso observar o que diz a Igreja, pois o Antigo Testamento
deve ser relido a partir do acontecimento maior, que é Cristo.
O livro do
Apocalipse como chave de leitura do Gênesis
No livro do Apocalipse é narrada a grande batalha entre o
Dragão e a Mulher. “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente,
chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na
terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (Ap 12,9). O que se vê,
portanto, é que é o próprio São João, autor do Apocalipse, que faz a
interpretação nesse sentido.
“E, quando o dragão viu que fora lançado na terra,
perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem. E foram dadas à mulher duas
asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é
sustentada por um tempo, dois tempos, e metade de um tempo, fora da vista da
serpente” (v. 13-14).
A inimizade e a batalha entre o Dragão e a Mulher
continuam e São João descreve tudo o que foi profetizado no livro do Gênesis.
“E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua
semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus
Cristo” (v. 17). Surge uma outra realidade: a semente da Mulher (o Filho) que
foi arrebatado para o céu, mas o Dragão continuará travando uma batalha contra
a Mulher, mas o restante dos filhos da Mulher lutarão contra a serpente.
A
interpretação católica do Gênesis e do Apocalipse
Fazendo uma leitura em chave cristológica do Apocalipse,
tem-se que o Filho é Jesus e a Mulher que esta grávida é Maria. Ela simboliza,
ao mesmo tempo, o povo de Deus do Antigo Testamento – Israel – e o povo de Deus
do Novo Testamento – a Igreja.
Jesus esmaga a cabeça da serpente, isso está claro, mas a
batalha entre a serpente e a Mulher continua. Os homens que devem escolher em
qual lado lutar. Do lado da serpente ou se do lado da semente da Mulher – Maria
– Mãe de Jesus Cristo, mas também de cada um de nós.
Texto de:
Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e
Teologia. Na consagração a Virgem Maria, segundo o método de São Luís Maria
Grignion de Montfort, explicado no seu livro “Tratado da Verdadeira Devoção a
Santíssima Virgem”, descobriu o caminho fácil, rápido, perfeito e seguro
para chegar a Jesus Cristo. Desde então, ensina e escreve sobre esta devoção, o
caminho “a Jesus por Maria”, que é hoje o seu maior apostolado.
Fonte: Canção Nova
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