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quinta-feira, 24 de maio de 2018

LECTIO DIVINA: QUINTA-FEIRA DA SEMANA VII DO TEMPO COMUM

Tiago 5, 1-6 
Agora, vós, ó ricos, chorai e lamentai-vos, por causa das desgraças que vão cair sobre vós. As vossas riquezas estão apodrecidas e as vossas vestes estão comidas pela traça.
O vosso ouro e a vossa prata enferrujaram-se e a sua ferrugem vai dar testemunho contra vós e devorar a vossa carne como fogo. Acumulastes tesouros no fim dos tempos. Privastes do salário os trabalhadores que ceifaram as vossas terras. O seu salário clama; e os brados dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do Universo. Levastes na terra uma vida regalada e libertina, cevastes os vossos corações para o dia da matança. Condenastes e matastes o justo e ele não vos resiste.


Compreender a Palavra
Tiago reconhece que, na comunidade cristã, continua a haver situações de injustiça gritante. Aqueles que aderiram a Cristo e se converteram à fé pelo batismo não estão isentos de pecado. E denuncia uma situação concreta de homens que enriqueceram à custa das privações de outros e levam uma vida regalada à custa do salário dos trabalhadores. Tiago fala contra aqueles que privam os trabalhadores do justo salário e vivem regaladamente com o dinheiro dos pobres. Mas Deus escuta o clamor dos injustiçados e o castigo não tarda.

Meditar a Palavra
Jesus alerta os discípulos para o perigo das riquezas e convida-os a acumular tesouros no céu onde nem a traça nem a ferrugem corroem e os ladrões não podem roubar. Tiago serve-se deste exemplo para denunciar os que enriquecem por meio da injustiça, privando os trabalhadores de um salário justo. Usando as palavras de Jesus, afirma que eles deixaram que o ouro e a prata se enferrujassem, isto é, utilizaram-nos da pior maneira, foram conseguidos à custa de injustiças e de fraudes. Os bens deste mundo são para repartir por todos e não para benefício de alguns. Hoje há muitas situações gritantes que revelam a pobreza dos que se servem do poder para definir a seu prazer do salário dos trabalhadores. Paga-se, não pela verdade do que se produz mas de acordo com interesses e simpatias e favorecem-se uns em detrimento de outros com base nas amizades ou nos compadrios. Deus ouve os pobres e os injustiçados e não deixa sem castigo aqueles que só pensam em si mesmos.

Rezar a Palavra
Que o meu coração, Senhor, não se deixe prender às riquezas deste mundo ao ponto de cometer a injustiça e deixar na miséria o irmão que trabalha. Dá-me o sentido do outro, o sentido da justiça e o sentido da partilha para não ser julgado pela ganância de só pensar em mim sem olhar à miséria do irmão. Ensina-me a avaliar as situações reais para denunciar como Tiago as situações em que os ricos impedem os pobres de viver com dignidade.

Compromisso
Assumir a lutas dos mais pobres é uma atitude que se impõe diante desta palavra.

Evangelho: Mc 9, 41-50
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa. Se alguém escandalizar algum destes pequeninos que crêem em Mim, melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma dessas mós movidas por um jumento e o lançassem ao mar. Se a tua mão é para ti ocasião de pecado, corta-a; porque é melhor entrar mutilado na vida do que ter as duas mãos e ir para a Geena, para esse fogo que não se apaga. E se o teu pé é para ti ocasião de pecado, corta-o; porque é melhor entrar coxo na vida do que ter os dois pés e ser lançado na Geena. E se um dos teus olhos é para ti ocasião de pecado, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus só com um dos olhos do que ter os dois olhos e ser lançado na Geena, onde o verme não morre e o fogo não se apaga». Na verdade, todos serão salgados com fogo. O sal é coisa boa; mas se ele perder o sabor, com que haveis de temperá-lo? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros».

Compreender a Palavra
Jesus utiliza vários exemplos para ensinar o valor da vida eterna e o valor dos irmãos. Está em jogo entrar na vida (entendemos, vida eterna, naturalmente). Não é possível entrar na vida sem os irmãos, por isso os gestos de amor para com o próximo serão recompensados e os gestos contrários ao amor, como o escândalo, serão alvo de condenação. O radicalismo das afirmações de Jesus pretende mostrar que a vida eterna é um valor superior a qualquer outro e os irmãos fazem parte desse valor. Desprezar qualquer destes valores será a ruína, a geena.

Meditar a Palavra
Esqueço-me muitas vezes que a fé não é uma teoria nem uma ideia que trago na cabeça, mas uma prática. Jesus diz-me isso muitas vezes, mas eu tenho dificuldade em alterar os gestos concretos da minha vida em gestos de amor que libertem os irmãos e me abram a porta da vida. É tão difícil o amor concretizado em gestos. O sair de mim para o outro, a atenção para não tocar magoando, não olhar destruindo, não avançar pisando. É tão difícil não incorrer em palavras e gestos que chocam e escandalizam o irmão. Há momentos em que parece que sou sal que perdeu o sabor. Há momentos em que não apetece estar atento para não perder a vida.

Rezar a palavra
Senhor, quero que a minha vida transborde em gestos de amor. Quero transformar-me em lugar de encontro e libertação para os sós, para os abandonados, para os esmagados da vida. Quero ser porto seguro e lugar de abrigo. Que minhas mãos, meus pés, meus olhos sejam sempre coração. Que eu me abra desde dentro em amor concreto pelo irmão como tu te abriste para mim do alto da cruz. Não permitas que me torne pedra de moinho que esmaga e me esmaga no egoísmo sem sentido.

Compromisso
Hoje quero velar pelas minhas mãos, meus pés e meus olhos, para que não tenha que os cortar por serem ocasião de pecado.

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