O sorriso é a linguagem natural do coração humano, e para ela não
existem barreiras
Alguma vez na vida, você já viveu a
experiência de tentar se comunicar com
alguém que não fala nem compreende a sua língua? Eu já! E fiz uma grande
descoberta: o sorriso tem uma linguagem universal.
Certa vez, estando em Fátima, fui à
Capelinha das Aparições na companhia de uma irmã para participarmos da oração
do Terço e acompanharmos a procissão das velas que, por sinal, é uma das
atividades que mais emociona os milhares de peregrinos de Nossa Senhora. O fato
é que me separei, por um instante, dessa pessoa e não consegui reencontrá-la antes
da procissão. Tive, portanto, que seguir sozinha, embora cercada por uma imensa
multidão. A certa altura da caminhada, aproximou-se de mim uma senhora que
tentou falar comigo, fiz sinal de que não compreendia sua língua. Ela, com
gestos, pediu-me ajuda para vestir seu agasalho. Quando a ajudei, ela agradeceu
e sorriu com delicadeza e ternura, o
que me levou a fazer o mesmo. Assim, já não éramos mais sozinhas, o sorriso nos
uniu. Seguimos entoando o mesmo canto, embora em línguas distintas, entre
Pais-Nossos e Ave-Marias, com os olhos voltados para a imagem daquela que
também é chamada Virgem do sorriso.
A experiência levou-me a pensar no
valor do sorriso e me fez recordar a afirmação de Saint-Exupéry: “No momento em
que sorrimos para alguém, descobrimo-lo como pessoa e a resposta do seu sorriso
quer dizer que nós também somos pessoas para
ele”. Vivi bem essa experiência naquela noite, mas também me recordo das muitas
vezes em que negligenciei um sorriso e deixei passar a oportunidade de falar
essa linguagem tão pura e universal.
Sorriso, dom e convite
O sorriso é um dom silencioso como a
chuva mansa, que cai e fertiliza a terra árida, ou como a brisa suave de um fim
de tarde, acariciando o rosto de quem sonha. É também um convite para que
entremos na intimidade do
outro, pois quem nos conhece e nos vê sorrindo saberá, em instantes, como anda
nosso coração. Como seres dotados de inteligência e vontade, podemos sorrir
quando tudo vai bem ou mesmo quando acontece o contrário.
Numa ocasião, ouvi um colega dizer
entusiasmado: “É feliz quem vive ao lado de quem sabe sorrir!”. Ele tem toda a
razão, é muito importante saber sorrir. Um sorriso pode dissipar a angústia se
for simpático, ou aumentá-la se for sarcástico; assim como pode estimular se
for de aprovação ou desanimar se for cínico, pode ainda criar laços de amizade
e amor se for sincero ou afastar se for hipócrita.
Sorrir, no entanto, nem sempre é
fácil, pois, muitas vezes, a dor e o cansaço tornam
esta tarefa custosa. Nessas horas, acredito que o melhor remédio é contarmos
com a graça de Deus para sairmos de nós mesmos e nos interessarmos pelos
outros, fazendo-os felizes com nosso gesto. Creio que tentar ser alegre, mesmo
que o coração esteja em pedaços, não é um ato hipócrita, mas sim heroico. Dizem
que as pessoas que se esforçam por sorrir sem motivos acabam por ter motivos de
sobra para sorrir, e eu concordo com isso. É que, ao sorrir, passamos
felicidade aos demais, e isso nos causa felicidade também. A própria natureza
nos ensina que colhemos o que plantamos.
O sorriso como linguagem do coração humano
Faço minhas as palavras do escritor
Alfonso Alguiló: “O bom humor é uma vitória sobre o próprio medo e a própria
debilidade humana. A pessoa mal-humorada esconde sua insegurança ou sua angústia
atrás de um semblante brusco e distante, e com o tempo, isso acaba tornando-se
um hábito e se converte em um traço de seu caráter. Mas
isso só ocorre, porque ela alterou o que é da própria natureza humana, ou seja,
a alegria. Neste caso, a pessoa mal-humorada deverá sair desse círculo vicioso,
e isso não será antinatural, muito pelo contrário: é o que pede a natureza.
Tudo o que se faz sorrindo sempre nos ajuda a sermos mais humanos, a moderar
nossas tendências, a sermos mais capazes de compreender os demais e,
principalmente, nós mesmos”.
Podemos concluir que o sorriso é a
linguagem natural do coração humano,
e para ela não existem barreiras.
Que o Senhor restaure em nós a dádiva
divina, que é o sorriso, e nos conceda sabedoria para
doá-la a todos que encontrarmos nas idas e voltas da vida. Estamos juntos!
Dijanira Silva
Missionária
da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo,
onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na
Rádio América CN. Às terças-feiras, está à frente do programa “De mãos unidas”,
que apresenta às 21h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000.
Recentemente, a missionária lançou o livro “Por onde andam seus sonhos? Descubra e volte a
sonhar” pela Editora Canção Nova.
Fonte:
Canção Nova
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