A falta de gentileza machuca nossa sensibilidade
Em um mundo onde se coloca em
evidência aquilo que não é bom, ser gentil pode parecer fraqueza, mas, na
verdade, é bem o contrário. Quem nunca mudou de ideia depois de um sorriso
verdadeiro, um aperto de mão ou até mesmo uma palavra animadora? Atitudes de
carinho, respeito e
atenção fazem toda a diferença onde quer que seja e têm força para abrir
portas e nos levar a grandes realizações. É que o coração humano, criado para
amar e ser amado, tem sede de ternura; e quando a encontra, deixa-se guiar por
ela. Já a rispidez, é exatamente contrária aos nossos anseios, por isso nos
fere tanto quando a recebemos.
Dizem que a falta de gentileza
machuca nossa sensibilidade, tanto quanto uma geada caindo sobre as flores.
Retarda o crescimento de tudo o que é amável e nos impede de
desabrochar com a
beleza e a simplicidade que trazemos na alma. Por
outro lado, a gentileza é comparada a um verão maravilhoso, cujo calor estimula
e influencia o crescimento das belas virtudes que somos capazes de externar. A
gentileza é resultado de um coração forte, curado e unido a Deus pela força de
seu amor original, e jamais pode ser confundida com a fraqueza, pois esta faz
barulho e tenta impressionar; já a gentileza é discreta e faz questão de não
aparecer.
Fúria e força
Existe uma fábula atribuída a Esopo,
que ilustra bem este contraste:
“Conta-se que o sol e o vento discutiam sobre qual dos dois era mais forte.
Então, o vento disse:
– Provarei que sou o mais forte.
Vê aquela mulher que vem caminhando com um lenço azul no pescoço?
Aposto como posso fazer com que ela tire o lenço mais depressa do que você.
O sol aceitou a aposta e recolheu-se atrás de uma nuvem.
O vento começou a soprar até quase se tornar um furacão, mas, quanto mais ele
soprava com força,
mais a mulher segurava o lenço junto ao pescoço.
Finalmente, o vento acalmou-se e desistiu de soprar.
Então, o sol saiu de trás da nuvem e sorriu bondosamente para a mulher.
Com esse gesto, ela, imediatamente, esfregou o rosto e tirou o lenço do
pescoço, respirando aliviada.
O sol disse, então, ao vento:
– Lembre-se disso, meu amigo: A gentileza e a bondade são
sempre mais fortes que a fúria e a força”.
Gentileza e tempo
Talvez, seja por isso que as pessoas
que agem com gentileza, respeito e consideração são sempre tão admiradas e,
dependendo do caso, até mesmo temidas. São Francisco de Sales, grande doutor da
Igreja, certa vez escreveu: “Quando encontrar dificuldades e contradições, não
as tente derrubar com sua força; aceite-as com gentileza e tempo”. E ele
continua explicando que, assim, se alcançará a vitória. Até porque, muitas
vezes, por trás de uma palavra grosseira ou até mesmo um gesto humilhante, está
um coração ferido, pedindo para ser amado; e a gentileza, expressa com
sinceridade, pode ser o canal para a cura acontecer.
Diante dessa fábula, recordo-me
também da passagem de I Reis 19,11-12, que narra a história do profeta Elias,
no monte Horeb, desejoso de encontrar Deus. “Um grande e forte vento rasgou os
montes e despedaçou rochas, mas o Senhor não estava no vento. Depois da
tempestade, veio um furacão com resultados amedrontadores, mas o Senhor não
estava no terremoto. Veio, então, um fogo, mas o Senhor não se encontrava no
fogo. Depois do fogo, ouviu-se um doce sussurro no ar, uma voz mansa e cheia de
amabilidade, e ali estava Deus”. Um Deus gentil e amoroso que, mesmo tendo
poder para criar o universo e manter o mundo, escolhe
revelar-se com gentileza e amor.
Fiquemos atentos às oportunidades que
Ele nos dá, sendo canais da ternura neste
mundo tão sedento de amor!
Dijanira Silva
Missionária da Comunidade Canção
Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de
comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às
terças-feiras, está à frente do programa “De mãos unidas”, que apresenta às
21h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000. Recentemente, a
missionária lançou o livro “Por onde andam seus sonhos? Descubra e volte a
sonhar” pela Editora Canção Nova.
Fonte: Canção Nova
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