A decisão do próximo passo
Como pensar e realizar o que é certo

Muitas
pessoas foram convocadas por Deus para participar da construção de uma
história de salvação. Noé encontrou graça aos olhos do Senhor (cf. Gn 6,8)
quando a Terra estava cheia de violência (cf. Gn 6,13). Abraão foi escolhido e
chamado por Deus (cf. Gn 12), também Moisés (cf. Ex 3), Samuel (cf. I Sm 3),
Isaías (cf. Is 6) e Jeremias (cf. Jr 1), ao lado de tantas outras pessoas que
aprenderam, em meio a luzes e sombras, a discernir a voz do Senhor. E ainda
foram muitas as histórias de infidelidades, pecados, traições, nas quais um povo
de cabeça dura (cf. Ex 32,7-14; Atos 7, 51) voltou atrás, depois de se decidir
pelo seguimento da Palavra do Senhor. E Deus, em Sua misericórdia, sempre estava
aberto para o perdão.
Na plenitude dos tempos (cf. Gl 4,4), foi
chamada uma jovem, quem sabe, apenas adolescente, a Virgem Maria, na qual o Céu
encontrou a mais transparente de todas as respostas (cf. Lc 1–2). Nela a Palavra
Eterna de Deus se fez Carne. Em nome da humanidade foi o “sim” que a Deus
agradou, a contrapartida da humanidade para se realizar a salvação, mãe que fez
a vontade de Deus (cf. Mc 3,34). E veio Jesus Cristo!
Depois dos anos vividos em Nazaré, Jesus vai ao Jordão, acolhe a voz do Pai e a manifestação do Espírito Santo e inicia a pregação do Reino. Jesus chamou os primeiros apóstolos, abriu o leque para convocar o que foram chamados de discípulos, envolveu famílias amigas, como vemos nas visitas a Marta Maria e Lázaro, teve colóquios de amizade e confidência com Pedro, Tiago e João, olhou com amor provocante e desafiador para muitas pessoas, suscitando nelas a decisão pelo Seu seguimento, dirigiu-se às multidões, consolou, curou e perdoou! Ninguém passou em vão ao lado de Cristo!
No
correr do caminho, conquistou discípulos e amigos, mas também granjeou
reações ferrenhas de Seus opositores e esteve com grupos que Lhe prepararam
verdadeiras armadilhas verbais (cf. Mc 11–12). Para estupor de todos os que
n'Ele depositam a segurança de suas vidas, foi até considerado um homem possuído
por Belzebu (cf. Mc 3,20-35). Sabemos que muitas ciladas foram preparadas para
prendê-Lo, o que só aconteceu quando chegou a hora de passar deste mundo para o
Pai (cf. Jo 13,1).
Nosso Senhor Jesus Cristo é Senhor da História, mas submeteu-se ao julgamento da própria história, deixando aberta a margem da maravilhosa e terrível realidade da liberdade humana, para que todos os seres humanos possam decidir-se diante d'Ele. Os que se decidem pelo Seu seguimento participarão de Suas alegrias e também de Suas provações ou privações. A eles caberá usar o precioso dom da liberdade, para tomar decisões acertadas, para se erguerem das próprias quedas e assumirem o norte de suas vidas, iluminados que foram pela bússola da fé.
Nosso Senhor Jesus Cristo é Senhor da História, mas submeteu-se ao julgamento da própria história, deixando aberta a margem da maravilhosa e terrível realidade da liberdade humana, para que todos os seres humanos possam decidir-se diante d'Ele. Os que se decidem pelo Seu seguimento participarão de Suas alegrias e também de Suas provações ou privações. A eles caberá usar o precioso dom da liberdade, para tomar decisões acertadas, para se erguerem das próprias quedas e assumirem o norte de suas vidas, iluminados que foram pela bússola da fé.
São Paulo, um dos chamados na undécima hora
(cf. Gl 1,11-24), fez a experiência da fé em Jesus Cristo (II Cor 4,13–5,1).
Nele é possível encontrar alguns critérios para as decisões a serem tomadas,
pois todos nós somos igualmente chamados ao seguimento de Cristo, aprendendo a
pensar o que é certo e realizá-lo (Oração do dia do IX Domingo do Tempo
Comum).
A luz da fé, suscitada pelo seguimento de
Jesus, provocado pelo anúncio da salvação, é o horizonte para as decisões. O
cristão não é indiferente diante dos cruzamentos das estradas de sua vida. Ele
escolhe o que é conforme a Cristo e ao Evangelho d'Ele, sem medo de nadar contra
a correnteza. Por causa de sua fé, fala e dá testemunho corajoso (cf. II Cor
4,13), superando a pusilanimidade que conduz à omissão vergonhosa. Para tanto,
sua força está na oração, com a qual experimenta a presença certa daquele Senhor que escolheu
para seguir (cf. I Ts 5,17; 2 Ts 1,11.3,1).
Diante das dificuldades, é sua tarefa
vencer o desânimo (cf. II Cor 16-17) e erguer os que estão caídos. Cabe-lhe
sempre tomar a iniciativa! Sabe que os sofrimentos, as dores e a própria morte
não têm a última palavra, pelo que se renova dia a dia (cf. II Cor 4,16) e
aposta sua vida no que é invisível e eterno (cf. II Cor 4,18).
Decisões
guiadas pela fé, oração, iniciativa, coragem diante dos obstáculos,
capacidade de olhar para o alto! Nada menos do que a proposta da Igreja para
todos e não para um grupo de privilegiados. A decisão está nas mãos de nossa
liberdade!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA
Arcebispo de Belém - PA
Dom
Alberto Taveira foi Reitor do Seminário
Fonte: Canção Nova
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