Como receber o Espírito Santo?
O Dia de Pentecostes

Foi no dia de hoje, no Pentecostes dos
judeus, quando os apóstolos estavam reunidos em Jerusalém, que o Senhor
Jesus, que já tinha soprado Seu Espírito sobre os Doze (representando a Igreja
toda), agora efundiu de modo portentoso, como no Sinai (vento, fogo, tremor de
terra), o Espírito Santo, marcando o início da missão da Igreja de anunciar e
testemunhar o Ressuscitado até os confins da Terra.
O Espírito é a
própria vida que agora preenche e sustenta Jesus Ressuscitado, de modo que
receber o Espírito é receber a própria vida de Jesus, Sua energia e potência de
ressurreição. Para compreender numa linguagem de hoje: o Espírito é um
"vírus", o "vírus" de Cristo morto e ressuscitado. O que esse "vírus bendito"
faz? “Cristifica-nos”, isto é, vai nos impregnando da vida, dos sentimentos e
atitudes de Cristo Jesus.
É um processo que chega ao máximo após a
morte: esse Espírito virótico nos transfigura totalmente, corpo e alma, segundo
o Cristo na Sua morte e ressurreição: a alma logo após a morte; o corpo, no
final dos tempos, juntamente com toda a humanidade, toda a criação e toda a
história.
Mas
como se recebe este Espírito? Como entrar naquela experiência que os
apóstolos tiveram quando Jesus soprou sobre eles e lhes deu o Espírito de paz e
perdão dos pecados? A resposta é: pelos sacramentos da Igreja. Eles são os
gestos de Cristo Ressuscitado, que até a consumação dos séculos agirá na Sua
Comunidade e em cada discípulo Seu. Em cada sacramento, invariavelmente, o Pai
derrama o Espírito do Filho para transfigurar o cristão em Cristo, de modo que,
inserido no Seu Corpo glorioso, isto é, na Igreja, tenha acesso ao Pai.
Vejamos: no Batismo, o Espírito é dado na
água, como vida nova em Cristo ("Todo aquele que está em Cristo é uma nova
criatura"); na Crisma, é dado no óleo, como força para edificar a Igreja e
testemunhar diante do mundo que Jesus é Senhor ("Não recebestes um espírito de
temor, mas o Espírito de força..."); na Eucaristia, Ele impregna o pão e o
vinho, até transformá-los no Corpo e no Sangue do Senhor, pleno de Espírito de
vida eterna ("Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna. É o
Espírito quem dá vida..."); no Matrimônio, é dado como Espírito de amor que une
o Cristo e a Igreja como Esposo e Esposa numa nova e eterna Aliança, fazendo com
que marido e mulher vivam o amor como sacramento da aliança esponsal entre
Cristo e Sua Igreja católica ("Maridos, amai vossas esposas como Cristo amou a
Igreja e se entregou por ela...").
Na
Ordem, os Bispos, sacerdotes e diáconos recebem o Espírito pela imposição
das mãos, para serem presença do Cristo cabeça, mestre e sacerdote do rebanho
("O Espírito do Senhor repousa sobre mim porque o Senhor me ungiu...); na
Penitência, o Espírito é dado pela imposição das mãos para o perdão dos pecados
("Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles serão
perdoados"); na Unção dos Enfermos, o Espírito é dado como alívio e cura
interior, para que o cristão que padece possa unir-se à cruz do Senhor
("Completo na minha carne o que faltou à paixão de Cristo...)".
Pois bem, durante toda a nossa existência,
o
Espírito do Senhor vai dando testemunho de Jesus no mais íntimo de nós e nos
vai transfigurando no Cristo. Sejamos dóceis à ação d'Ele. Se o Espírito
é um "vírus bom", o pecado é uma vacina ruim, que impede o vírus de agir e o
deixa incubado em nós, sem produzir seus frutos... Por isso, São Paulo nos
convida a viver não segundo a carne (= pecado), mas segundo o Espírito que
habita em nós.
Sejamos gratos ao Senhor que nos cumulou
com o Seu Espírito e sejamos dóceis à Sua ação em nós.
Dom Henique Costa - Bispo Auxiliar de
Aracaju
www.domhenrique.com.br
Fonte: Canção Nova www.domhenrique.com.br
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