Assumir nossa real identidade
Para ser livres
Sem dúvida alguma, a liberdade
não é uma utopia. Ela é, intrinsecamente, desafiante, mas não irreal. É fato
que a liberdade aqui proposta, no sentido de uma autonomia identitária (posse
contínua da própria identidade), é realidade exigente e profundamente
"desinstaladora" para toda e qualquer pessoa.

Temos, muitas vezes, uma grande facilidade
de nos assumir no pior de nós. Contudo, não é unicamente o pior o que configura
a nossa verdadeira essência, pois não somos – definitivamente – apenas nossos
traumas e erros, antes, somos muito mais: seres criados a partir de um grande
Amor e com uma enorme capacidade de amar e fazer o bem.
Nossa identidade não mora apenas no que
sentimos, muito menos em nossas más tendências. Não é porque nos sentimos
continuamente arrastados por desejos maus e impuros, ou até mesmo contrários à
nossa real identidade (psíquica, afetiva e sexual), que somos exatamente isso
que estamos sentindo. Não. Sentir não é a forma mais exata de existir e, em
muitas ocasiões, o que sentimos será apenas uma triste consequência das
circunstâncias duras e
fragmentadas às quais nossa história foi submetida.
Assista: "Descobrir a nossa identidade", com Emmir Nogueira
Nós não somos nossas más inclinações, nossa
identidade não reside aí. O mal incorporado à nossa personalidade é, inúmeras
vezes, a nós agregado pelas deformidades e dores que compuseram nossa
existência, e não são o fruto de nossa verdadeira essência e identidade.
É insanidade assumir a mentira como verdade
(cf. Is 5,20). Mais ainda o é assumir a deformidade como uma maneira concreta de
existir. É preciso reagir às fragilidades e traumas que buscam sufocar nossa
real identidade, pois isso se estabelece como um entulho que busca sufocar toda
vida que está abaixo de si.
É preciso a tudo isso reagir!
Não somos nossos defeitos e erros e, diante
destes, precisaremos perenemente nos posicionar, protagonizando nosso futuro; e
entendo que nossas circunstâncias não possuem o poder de eternamente nos
definir. Faz-se necessário acreditar que existe uma essência boa em cada um de
nós e que o defeito não é o que antropologicamente constitui nossa identidade. A
fraqueza está em nós, mas, não nos define. Ela (fraqueza) só o fará se
constantemente nós a alimentarmos, afinal, a planta que mais cresce é a que mais
regamos…
Existe uma força de superação dentro de
cada um de nós e, independentemente de como tenha sido nossa a história pessoal,
poderemos reconstruí-la – ainda que a partir de seus escombros – e carregá-la
com um novo sentido.
É
preciso não se conformar diante do mal, que deseja aprisionar nossa
“identidade”, sempre lutando em um esforço de continuamente se reinventar, para
assim redirecionar tudo o que já passou em uma mais acertada construção daquilo
que virá.
Tal tarefa é possível. É realidade confiada
a nós que, aliados à Graça, seremos capazes de, em quaisquer circunstâncias,
transcender toda morte para em tudo fabricar vida e ressurreição.
Tenhamos coragem!
Padre Adriano Zandoná
Adriano
Zandoná é padre e missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em
Filosofia e Teologia, é articulista e apresenta o programa “Em sintonia com meu
Deus” de segunda a sábado – 6h15min – pela TV Canção Nova.
Fonte: Canção Nova
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