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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

YOUCAT #Amar sem medida


No processo do Cristianismo amar é dispor de si para o outro, é um exercício que está atrelado à imitação de Cristo, isto é, em nos assemelharmos à toda sua capacidade de amar sem reservas. Esta imitação, nem sempre é fácil, e só se torna possível à medida que caminhamos sinalizados pela a humildade. Para nos fazer entender esse caminho, tomo emprestado o olhar de um grande santo e doutor da Igreja, São Gregório, que sabiamente nos dizia que a “humildade é uma descida rumo às alturas do Amor.” De fato, é através do movimento destas duas virtudes que o Verbo se revela e visita nossa humanidade, tornando-nos capazes de amar. Capacidade singular que impulsiona o homem o tempo todo a contemplar o horizonte da alteridade no rosto e no coração do seu próximo. Portanto, cabe ao ser humano imitar a pessoa de Jesus Cristo em gestos e palavras como nos relata o Papa Francisco: “O discípulo sabe oferecer a vida inteira e jogá-la até ao martírio como testemunho de Jesus Cristo.” (Evangelii Gaudium, n. 24).


Vivemos a poucos dias a mística do Tríduo Pascal, e ali contemplamos de perto o ápice da humildade de Jesus no alto do Calvário, Ele que “sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fl 2, 8). Antes de segui-Lo por esse caminho redentor, recebemos d’Ele mais uma vez o fascinante chamado: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” – (Jo 13, 34) – este é o caminho sugerido a nós por Jesus ao término do lava- pés. “Dei-vos o exemplo, para que como eu vos fiz, também vos o façais”. (ibid., 15). “Agir do mesmo jeito”, eis o nosso chamado. Baseando-se não na força de uma ordem, mas em virtude da natureza e impulso do Amor para o qual fomos gerados.
É interessante perceber a riqueza de significados revelada minutos antes de deixar o mandamento do Amor, quando Jesus se inclina aos pés dos seus amigos para lhes lavar os pés. Dentre tantos significados traduzidos naquele cenário, o nosso olhar se prende à sua humildade. Todavia, não no aspecto do serviço, o que seria pertinente refletirmos, mas, a humildade como sinal redentor do seu Amor. Ao inclinar-se para lhes deixar limpos de toda a sujeira, o Bom mestre dirige-se ao “húmus”, à terra que se achava nos pés daqueles a quem tanto amava. Os latinos chamam esse gesto de “humilitas”, isto é, humildade. Com efeito, a expressão “humilde” tem sua raiz no vocábulo latino – “húmiles”- e a imagem de um servo inclinado à terra (húmus), amplia o seu significado. Ali com a humildade que lhe é própria, Cristo ao descer não alcança tão somente os pés daqueles homens, mas também os seus corações, elevando-os ao Seu Amor até o fim!
Queridos irmãos, o exercício do Cristianismo é isso. É um cenário no qual somos chamados o tempo inteiro a protagonizar em nossas relações uma “disposição ao outro”, por meio da humildade e do Amor. Penso que dessa forma a gente amplia o horizonte de sentido de nossos amores, amizades e encontros... De igual maneira também o horizonte de significado da nossa, vocação, missão e Igreja. Parece trocadilho, mas deste modo, acabamos realmente “descendo às alturas” do coração do outro, tocando aquilo que ele tem de mais belo e encantador: a capacidade de amar e ser amado. “Peçamos ao Senhor que nos faça compreender a lei do amor. Que bom é termos esta lei! Como nos faz bem, apesar de tudo amar-nos uns aos outros! Sim, apesar de tudo! A cada um de nós é dirigida a exortação de Paulo: ‘Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem’ (Rm 12, 21). E ainda: ‘Não nos cansemos de fazer o bem’ (Gal 6, 9).” (EG, n. 101).

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