Tende coragem! Eu venci o mundo

Ao mesmo tempo, mostrou-lhes que a alegria
cristã não é o regozijo ruidoso e oco do mundo, que se acende como um palito de
fósforo e se apaga logo depois. Um filho de Deus sabe manter-se sereno e
feliz, mesmo em meio às mais duras contradições.
Neste sentido, Jesus anunciou, com toda a
clareza, aos apóstolos e aos que iam lhes suceder o que deveriam esperar em
todos os tempos, até ao fim do mundo: "Se o mundo vos odeia, sabei que
primeiro me odiou a mim. Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como ama o que
é seu; mas, porque não sois do mundo, e porque eu vos escolhi do meio do mundo,
por isso o mundo vos odeia" (Jo 15,18-19).
E acrescentou, pouco depois: "Eu
vos disse estas coisas para que, em mim, tenhais a paz. No
mundo tereis aflições. Mas, tende coragem! Eu venci o mundo" (Jo
16,33). Os católicos fiéis, que conservam uma consciência sensível, não
precisam fazer nenhum esforço para entender que hoje – nestes tempos de
agressividade deliberada e escancarada contra a Igreja e o Papa – essas palavras
de Cristo são de uma plena atualidade.
Pois bem. No dia 29 de junho
de 2009, o Papa Bento XVI pronunciou algumas palavras de serena coragem e
esperança, que são como um eco das palavras de Jesus na Santa Ceia, que acabamos
de citar. Foi na homilia de encerramento do Ano Paulino, na Basílica de São
Paulo Extramuros. Uma homilia rica de conteúdo, na qual, entre outras coisas,
lemos as seguintes considerações:
«No capítulo quarto da Carta aos Efésios, o
apóstolo Paulo nos diz que, unidos a Cristo, devemos alcançar a idade adulta,
uma humanidade madura [cf. Ef 4, 12-15]. Não podemos continuar a ser “crianças,
entregues ao sabor das ondas e levados por todo vento de doutrina” (4,14). Paulo
deseja que tenhamos uma fé “responsável”, uma fé “adulta”.
«A palavra “fé
adulta”, nos últimos decênios, transformou-se num chavão muito difundido.
Com frequência é entendida como a atitude daquele que não escuta a Igreja e os
seus pastores, mas escolhe de forma autônoma o que quer crer e não crer, isto é,
uma fé “feita por cada um à sua medida”. Isso é interpretado como “coragem”, a
coragem de manifestar-se contra o Magistério da Igreja.
«Na realidade, para isso não é preciso
coragem nenhuma, porque quem o faz pode ter a certeza de que, por ser
contestador, vai receber o aplauso público. Pelo contrário, é necessária
coragem para unirmo-nos à fé da Igreja, especialmente quando essa fé contradiz o
“esquema” do mundo contemporâneo. A essa falta de conformismo da nossa
fé, Paulo a chama “fé adulta”. Pelo contrário, qualifica como infantil o fato e
correr atrás dos ventos e das correntes do tempo presente.
«Assim, por exemplo, faz parte dessa fé
adulta comprometer-se com a inviolabilidade da vida humana desde o primeiro
momento da sua concepção, opondo-se com isso de forma radical ao princípio da
violência, precisamente na defesa das criaturas humanas mais vulneráveis. Faz
parte da fé adulta reconhecer o matrimônio entre um homem e uma mulher para
a vida toda como algo ordenado pelo Criador e restabelecido novamente por
Cristo. A fé adulta não se deixa arrastar, de um lado para outro, por
qualquer corrente. Opõe-se aos ventos da moda. Sabe que esses ventos não são o
sopro do Espírito Santo; sabe que o Espírito de Deus se expressa e se manifesta
na comunhão com Jesus Cristo […]».
Meditemos sobre essas palavras do Santo
Padre, bem atuais. E não esqueçamos nunca que a comunhão com Jesus Cristo exige,
por querer de Deus, comunhão com a Sua Igreja: Quem vos escuta – declarou
Jesus aos Apóstolos –, é a mim que está escutando; e quem vos despreza, é a mim
que está desprezando (Lc 10,16). Sem união com a “Sua Igreja” não pode
haver união com Nosso Senhor.
Padre Francisco Faus
http://www.padrefaus.org/
Fonte: Canção Nova
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