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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Mensagem do Papa Bento XVI

"Rezar mesmo quando Deus parece não responder", pede Bento XVI

Leonardo Meira
Da Redação

AP
Papa faz sua meditação na Sala Paulo VI, no Vaticano. ''Abandonar-se ao amor de Deus é uma das atitudes de fundo do nosso diálogo com Ele''
Papa Bento XVI falou sobre a oração de Jesus ligada à sua ação curadora na Catequese desta quarta-feira, 14. A meditação do Pontífice teve como base o episódio da cura do surdo-mudo (cf. Mc 7,32-37), citando também a ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11,1-44). Essa oração manifesta novamente a relação única de conhecimento e comunhão de Jesus com o Pai.
"Lendo essa narração, cada um de nós é chamado a compreender que, na oração de súplica ao Senhor, não devemos esperar um cumprimento imediato daquilo que nós pedimos, da nossa vontade, mas confiar-nos antes de mais nada à vontade do Pai, lendo cada evento na perspectiva da sua glória, do seu plano de amor, muitas vezes misterioso aos nossos olhos. Por isso, na nossa oração, súplica, louvor e agradecimento deveriam fundir-se, também quando nos parece que Deus não responde às nossas expectativas concretas. O abandonar-se ao amor de Deus, que nos precede e acompanha sempre, é uma das atitudes de fundo do nosso diálogo com Ele", explicitou Bento XVI.
O Bispo de Roma ensinou que, antes que o dom seja concedido, é preciso aderir Àquele que dá, pois o doador é mais precioso que o dom. "Também para nós, portanto, muito além daquilo que Deus nos dá quando O invocamos, o maior dom que pode nos dar é a Sua amizade, a Sua presença, o Seu amor. Ele é o tesouro precioso a se pedir e proteger sempre".

Nessa perspectiva, a oração confiante de um crente é um testemunho vivo da presença de Deus no mundo, do seu interessar-se pelo homem, do seu agir para realizar o seu plano de salvação.
"Nossa oração abre a porta a Deus, que nos ensina a sair constantemente de nós mesmos para sermos capazes de nos fazer próximos dos outros, especialmente nos momentos de provação, para levar a eles consolação, esperança e luz. O Senhor nos conceda sermos capazes de uma oração sempre mais intensa, para reforçar nossa relação pessoal com Deus Pai, alargar nosso coração à necessidade dos que nos são próximos e sentirmos a beleza de ser 'filhos no Filho', unidos com tantos irmãos"
, afirmou.
As curas
O Papa destaca que a ação curadora de Jesus está conectada com a sua intensa relação, tanto com o próximo – o doente – quanto com o Pai. No episódio do surdo-mudo, a escolha de levar o doente para um lugar à parte para, somente então, operar o milagre, faz com que, no momento da cura, Jesus e o doente encontrem-se a sós, aproximados em uma singular relação.

"A atenção ao doente, a cura operada por Jesus, estão ligadas por uma profunda atitude de oração dirigida a Deus. O conjunto da narração, portanto, mostra que o envolvimento humano com o doente leva Jesus à oração. Mais uma vez ressurge a sua relação única com o Pai, a sua identidade de Filho Unigênito. Na ação curadora de Jesus entra de modo claro a oração, com o seu olhar em direção ao Céu. A força que curou o surdo-mudo foi, certamente, provocada pela compaixão por ele, mas provém do recurso ao Pai. Encontram estas duas relações: a humana, de compaixão pelo homem, que entra na relação com Deus, e fica assim curado", destaca.
O Santo Padre indicou que, no caso da ressurreição de Lázaro, a participação e comoção de Jesus frente à dor dos parentes e conhecidos de Lázaro liga-se, em toda a narração, com uma contínua e intensa relação com o Pai.
"Desde o início, o acontecimento é lido por Jesus em relação com a própria identidade e missão e com a glorificação que Lhe espera. Também aqui se entrelaçam, de um lado, o vínculo de Jesus com um amigo e com o seu sofrimento e, de outro, a relação filial que Ele tem com o Pai. O anúncio da morte do amigo é acolhido por Jesus com profunda dor humana, mas sempre em clara referência à relação com Deus à missão que lhe foi confiada".
"Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: 'Pai, rendo-te graças, porque me ouviste'" (Jo 11,41). Segundo Bento XVI, a frase revela que Jesus não deixou nem sequer por um instante a oração de súplica pela vida de Lázaro. "Essa oração contínua, mais ainda, reforçou os laços com o amigo e, ao mesmo tempo, confirmou a decisão de Jesus de permanecer em comunhão com a vontade do Pai, com o seu plano de amor, no qual a doença e a morte de Lázaro são consideradas como um lugar em que se manifesta a glória de Deus".
Por fim, o Papa ressaltou que as duas orações de Jesus meditadas revelam que o profundo laço entre o amor a Deus e o amor ao próximo deve entrar também na nossa oração.
"Em Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a atenção pelo outro, especialmente se necessitado e sofredor, o comover-se frente à dor de uma família amiga, levam-nO a dirigir-se ao Pai, naquela relação fundamental que guia toda a sua vida. Mas também vice-versa: a comunhão com o Pai, o diálogo constante com Ele, impele Jesus a estar atento de modo único às situações concretas do homem, para levar a ele a consolação e o amor de Deus. A relação com o homem guia-nos rumo à relação com Deus, e a relação com Deus guia-nos novamente à relação com o próximo".

A audiência
O encontro do Santo Padre com os cerca de 8 mil fiéis reunidos na Sala Paulo VI, no Vaticano, aconteceu às 10h30 (horário de Roma - 7h30 no horário de Brasília). A reflexão faz parte da "Escola de Oração", iniciada pelo Papa na Catequese de 4 de maio. O Pontífice iniciou uma nova seção, 
dedicada a Jesus e sua oração, na Catequese de 30 de novembro.
Ao final da audiência, o Papa, na véspera da Solenidade da Imaculada Conceição, pediu que os fiéis imitem o exemplo da Mãe de Deus.

Na saudação aos fiéis de língua portuguesa, o Papa salientou:
"Saúdo cordialmente os grupos brasileiros da diocese de Pato de Minas e da paróquia de Silvânia e restantes peregrinos de língua portuguesa, a todos recordando que a oração abre a porta da nossa vida a Deus. E Deus ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro dos outros que vivem na prova, dando-lhes consolação, esperança e luz. De coração, a todos abençôo em nome do Senhor
".
Fonte: Canção Nova

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