Nos últimos dias, acompanhamos pelo noticiário as turbulências do mercado financeiro mundial, mais precisamente uma crise internacional da dívida pública com epicentro nos Estados Unidos e em países da Europa Ocidental, e como isso tem afetado a política e a economia brasileira. Mas o que eu, você, nós, temos a ver com isso?
TUDO!!
Católico que é católico é antes de tudo um cidadão consciente. Precisa dar o exemplo e tomar conhecimento das decisões que definem os rumos do país, acompanhando e cobrando o trabalho de seus governantes na construção de uma sociedade mais justa e solidária.
Para começarmos um papo cabeça, divido com vocês aqui no blog um texto de minha autoria, publicado originalmente na revista “O Mílite”, que trata justamente de como nós devemos proceder diante dessa realidade em nosso dia-a-dia. E nas próximas semanas teremos a oportunidade de debater essa e outras miudezas do planeta que nos cerca. Contamos com a participação de vocês.
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A economia deve fazer parte da vida cristã
PIB, CDB, Inflação, Juros, Poupança, Derivativos, IPO, BACEN, FMI, Cade. O universo da economia parece-nos quase sempre complexo, rodeado de abreviações e termos técnicos distantes do nosso dia-a-dia e inundado por modelos e cálculos complicados. Ainda mais para nós, meros mortais, que sobrevivemos com o suado dinheirinho contado no fim do mês, único remédio para dar jeito nas despesas do lar. Conhecemos verdadeiramente apenas (e de cor e salteado) outras siglas que pesam no bolso – IPTU, IPVA, ICMS, IOF – e atormentam o extrato bancário, com o objetivo exclusivo de espremer o já surrado saldo disponível e engordar os cofres públicos.
Nesse contexto, fica a questão: é possível conciliar trabalho, dinheiro e bem-estar em um mundo onde o consumo tem se tornado protagonista e a economia parece restrita ao noticiário?
Vou além. Digo que é impossível alcançar qualidade de vida sem uma boa gestão das finanças pessoais e fiscalização dos rumos econômicos do País. E isso requer muitas vezes remar contra a maré, ou seja, controlar nossos impulsos e abandonar a idolatria ao materialismo e a dedicação aos interesses individuais.
O Evangelho de São Lucas narra a história do jovem rico, que ao indagar Jesus de como poderia obter a salvação, recebeu a surpreendente resposta: “Vende tudo que tens, dá aos pobres e terás um tesouro nos Céus”. O Senhor disse ao rapaz essas palavras, pois sabia de seu maior apego. Tanto que ele não foi capaz de abandonar as coisas terrenas e seguir o Mestre.
Tal qual o jovem rico, somos também convidados diariamente a deixar para trás o egoísmo. É muito fácil cair em tentação e aderir a um padrão de vida irreal, de luxo, repleto de bens supérfluos, principalmente em um país desigual como o nosso. Sabe-se que cada vez mais estamos subjugados a uma lógica cujo mote principal é o lucro, criando cotidianamente novas “falsas necessidades” para que as pessoas adquiram em ciclos cada vez mais rápidos produtos efêmeros. O consumo passa a construir assim a identidade do indivíduo, em detrimento daquilo que ele traz no coração como essência de sua personalidade.
Indo além da conscientização sobre essa problemática, o católico deve assumir-se como parte de um todo; engajar-se em uma vida sóbria, equilibrada e solidária, fazendo valer o que há de mais fundamental em uma sociedade: o direito à cidadania. Assim, poderá dar sua contribuição para a construção de um Brasil humano, em que prevaleça a justiça social.
Para começar, que tal descobrir o que são as siglas citadas no primeiro parágrafo?
Quer aprofundar o debate? Então me envie um e-mail (filipe.rubim@gmail.com) ou, se preferir, siga-me no Twitter.
Deus abençoe,
Fio Rubim
Fio Rubim
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